Depois de presenciarem reações emocionadas de moradores da comunidade quilombola de Vão Grande, cuja grande dos moradores teve nessa oportunidade o primeiro contato em toda vida com a arte teatral, as atrizes Juliana Capilé e Tatiana Horevicht seguem com as apresentações do espetáculo “Cidade dos Outros”, ávidas por novas experiências.
Nesta quarta-feira, 1º de junho, às 20 horas, na Arena do Porto do Baé, elas revelam à plateia uma melancólica história de esperança que move a sobrevivência de dois personagens. Famintos, passam o tempo fazendo planos para gastar os "milhões" em dinheiro que terão quando ganharem na loteria.
As atrizes que representam a Cia Pessoal de Teatro, tem percorrido grandes distâncias desde que começaram a circular pelo edital de incentivo à produção artística e descentralização do acesso à cultura, Circula MT. Ainda nesta semana chegam à aldeia Wede´rá, na terra xavante Pimentel Barbosa, Canarana.
Dirigido por Amauri Tangará, o espetáculo “Cidade dos Outros” figura entre os destaques do repertório do teatro mato-grossense contemporâneo e já foi visto em cidades de todos os extremos do país. Por várias vezes denunciando a origem mato-grossense, enfim, os personagens serão contemplados pela plateia de Mato Grosso.
“Escolhemos circular por aldeias, glebas, e quilombos para levar o espetáculo para lugares que a gente nunca pode que ir, a lugares que um espetáculo nunca vai. O ‘Cidade dos Outros’ tem essa particularidade de não depender da iluminação cênica do teatro, ele é praticamente portátil, pode ir para qualquer lugar. A gente tinha essa vontade de levá-lo a lugares que necessitam desse aparato cênico, mas que pouco são contemplados com experiência”, revela Juliana Capilé.
A atriz Tatiana Horevicht também avalia que a aprovação no Circula MT proporcionou um grande momento à Cia Pessoal de Teatro. “É uma oportunidade ímpar de levar nosso espetáculo a tão diferentes regiões do nosso Estado, possibilitando a democratização dos produtos artísticos da nossa terra, assim como um conhecimento aos artistas sobre a vastidão e a diversidade cultural tão próximas a nós”, diz ela.
O espetáculo surgiu de uma pesquisa que teve como tema a inapetência para a ação; a circularidade da vida e eterna espera pelo “maná divino”. De inspiração beckttiniana, o espetáculo revela que o ritmo da vida dos personagens é marcado pela emoção da espera, que é ironicamente, a ação da peça.