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18/12/2019 às 16h52min - Atualizada em 18/12/2019 às 16h52min

Ela é bonita e se tornou a primeira mulher faixa preta de kickboxing em MT

Vitoria Gomes / Midia News
ARAGUAIA NOTÍCIA
Victor Ostetti/MidiaNews


Lutadora de kickboxing há quatro anos, Camila do Espírito Santo Maciel se consagrou, em novembro deste ano, como a única mulher faixa preta no esporte em Mato Grosso. Agora, ela tenta incentivar outras garotas a perder o medo e praticar a arte marcial.

Em entrevista ao MidiaNews, ela conta que nunca pensou em praticar esportes. Atualmente com 27 anos, ela lembra que desde pequena não gostava de se exercitar, nem mesmo com aulas de dança ou atividades alternativas.

No entanto, para ajudar a irmã, que passava por uma fase difícil, a mato-grossense decidiu - junto com a sua família - se aventurar nas artes marciais. Após apenas uma aula experimental, ela não só incentivou a irmã como também descobriu uma nova paixão na vida.

“Para mim, o kickboxing é tudo. Eu amo lutar, treinar. É muito desestressante e até mesmo terapêutico praticar. Hoje em dia, me dedico totalmente a esse esporte e não me arrependo", afirma.

Treino

Camila se dedicou ao esporte desde a primeira faixa (branca) e, já na terceira faixa (laranja), ganhou sua primeira medalha. Em 2016, a mato-grossense competiu na Copa Brasil de Kickboxing. Ela entrou na categoria Point Fight, modalidade de tatame , onde ficou em terceiro lugar.

Com o passar dos anos, sua habilidade na luta só melhorou e, a cada avaliação, via seu objetivo em conseguir a faixa preta cada vez mais perto. Então, em 2019, no ano do exame final, ela redobrou seu empenho e partiu para uma rotina de treinos intensiva, que durou dez meses.

“Fazia dois treinos de manhã com a turma normal. Duas vezes por semana, fazia pilates, voltava para casa e almoçava. À tarde, fazia musculação, me exercitava com o meu treinador de quatro a cinco vezes por dia no final da tarde e treinava de novo com a turma no final da noite”, conta.

De fevereiro a novembro, a mato-grossense dedicou cinco horas durante seis dias de sua semana para conquistar a última etapa do seu objetivo.

Faixa preta

Camila conta que, no dia do exame da faixa preta, 41 atletas participaram da avaliação, sendo 39 deles homens.

Diferente das provas das faixas coloridas, em que os lutadores mostram golpes para os faixas preta avaliarem, nesse caso, o próprio presidente da Federação de Kickboxing Brasileira compareceu e fez as considerações.

Antes dos exames começarem, os atletas fizeram uma parte de aptidão física. Segundo Camila, eles correram por 30 minutos em volta do tatame, fizeram cerca de 300 abdominais e finalizaram com diversas flexões.

“Foram vários rounds, cada um com 2 minutos, de lutas e corridas. Como a maioria eram atletas homens, quando o presidente pedia para trocar, eu precisei lutar com eles também. Foi muito difícil e cansativo”, relembra.

Apesar da dificuldade extrema, após 2 horas de rounds e muito suor, Camila se consagrou como a primeira mulher faixa preta de kickboxing de Mato Grosso.

Victor Ostetti/MidiaNews

Camila passou dez meses em uma rotina intensa de treino para conseguir a faixa preta

Mulheres no esporte

Com a conquista no esporte, a atleta diz que sentiu que seu caminho tomaria um novo rumo, mas ainda ligado à arte marcial. Agora, ela quer incentivar e ensinar outras mulheres a praticarem o kickboxing.

“É muita responsabilidade ser a única mulher faixa preta, porque as pessoas se inspiram em você. Por isso não posso deixar a 'peteca' cair agora. Sempre preciso buscar o meu melhor. E sinto essa vontade de incentivar as pessoas”, afirma a atleta.

Renan Andrade, treinador e dono da academia onde Camila trabalha, conta que a demanda feminina cresceu muito nos últimos tempos. Ele vê que as mulheres estão se arriscando cada vez mais nos esportes de luta, deixando de lado o medo e os conceitos pré-estabelecidos sobre o kickboxing.

Hoje, mais da metade dos alunos que frequentam a academia são mulheres, segundo o treinador. Em um primeiro momento, elas buscam condicionamento físico, mas  logo vão tomando gosto pelo esporte e começam a se dedicar cada vez mais para conseguir evoluir no esporte.

Essa nova realidade deixa Camila animada e esperançosa de que logo não será a única mulher faixa preta do Estado.

“Fico muito feliz e orgulhosa toda vez que vejo a evolução delas. Acho muito lindo. A cada golpe que elas conseguem executar, eu vibro”, diz.

Como não pensa em competir por enquanto, Camila já faz planos para o próximo ano. Ela e Renan pensam em criar uma turma apenas de mulheres na academia, onde a mato-grossense poderá ensinar na prática tudo que aprendeu ao logo dos anos se dedicando as artes marciais.

Para a atleta, essa é outra forma de encorajar as meninas que se sentem intimidadas pela luta, por medo de se machucar, pela timidez ou até mesmo por acreditar que é uma área exclusivamente masculina.

A lutadora acredita que o kickboxing não é ligado apenas ao físico, mas também à parte mental e até mesmo emocional. Segundo ela, é como se a cada final de treino ganhasse um sopro a mais de vida. Ela defende que "não importa a forma como você entra no tatame, ao sair, por dentro, sempre estará melhor".

“As pessoas deveriam abrir a mente e vir de cabeça aberta fazer uma aula experimental, mas faz isso livre de todo pensamento ruim, porque é muito sensacional. E nós, mulheres, precisamos ocupar espaço na luta”, afirma.

 

 

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