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22/11/2009 às 12h17min - Atualizada em 22/11/2009 às 12h17min

Morreu o homem que levava a vida numa grande gargalhada

Ele ensinou que não adianta apelar e sim viver com a família sorrindo sempre

Ronaldo Couto
Ronaldo Couto Benedito sempre levou a vida numa gargalhada e foi feliz durante esse tempo. Saudades, tio !!!

O aposentado Benedito José Rodrigues, 87 anos, ficou 30 dias hospitalizado com traumatismo craniano que o deixou prostrado numa cama, depois de ser atropelado na avenida Independência, em Barra do Garças. Segundo a família, ele estava indo para casa da filha que mora no bairro São Sebastião quando foi atropelado por uma moto conduzida por jovem chamado Santiago. Testemunhas disseram que o motociclista estava correndo muito. Na delegacia, o condutor da moto alegou que a vítima atravessou a rua sem ver causando o acidente, mais um para dura realidade do trânsito barra-garcense.

Benedito ficou conhecido em Barra do Garças como “tio Benedito” e gostava de um forró. Tanto é verdade, que ele não saia do Palácio do Forró e freqüentava o CSU nas atividades da 3ª Idade nos finais de semana.

Benedito nasceu em Correntina-BA, em 8 de julho de 1922, e decidiu quando já era adolescente acompanhar um grupo de baianos para conhecer os garimpos do Araguaia, na década de 40. O grupo era liderado pelo Albano de Almeida Couto, avô de Ronaldo Couto, que reside hoje em Guarantã do Norte-MT. O grupo de mais ou menos 30 pessoas decidiu trocar a seca da Bahia pela promessa de prosperidade nos garimpos do Araguaia.

O próprio Benedito contava que o Albano veio primeiro em Baliza e depois voltou para buscar a família na Bahia. Aqui no rio Araguaia, ele pegou informações que a região era boa através do Antônio Primo e do Antônio Padeiro que já moravam no garimpo do Areia. Foram três meses de viagem no lombo de cavalos e burros até chegar ao garimpo de Baliza. O grupo chegou ali com intenção de conseguir uma terrinha e começar uma vida nova e logo as pessoas foram se espalhando pela região. Tio Benedito se casou com Maria Rosa e se tornou cunhado de Albano e começou a mexer com pecuária. Depois se mudou para cidade comprando uma chácara no bairro Anchieta onde terminou de criar 9 dos 11 filhos: Sebastião, Delmiro, Ubaldina, Manoel Messias, Antônia, Maria de Lurdes, Divina, Aparecida e Nilzete.

Para quem conheceu ou conviveu com tio Benedito certamente vai sentir saudade de sua irreverência e alegria que eram marcantes no seu caráter. Amigo e companheiro, ele sempre tinha uma história para contar e nunca deixava ninguém triste. A sua gargalhada inconfundível chamava atenção de todos. Vaidoso e preocupado com a opinião feminina, tio Benedito sempre andava bem arrumado e cheiroso segundo ele para impressionar nos bailes.

Brincalhão, ele contava que a sua atual esposa, cujo nome também é Maria, era uma for de pessoa porque o deixava dançar com outras no baile. Até no hospital ele arrancava risos porque quando ia tomar alguma medicação, seo Benedito elogiava as enfermeiras dizendo que elas eram lindas e de que ele não ia mais embora para casa.
Outro companheiro inseparável dele era o seu chapéu preto, diferente da camisa branca que gostava de usar, chamava atenção pela cidade. Nos bailes, no Palácio do Forró, no CSU e nos comícios, ele era figura garantida. Adorava uma política, mas como diversão e estava em todos os comícios independente de candidatos. Ele batia palma, pulava, sorria, cantava e brincava muito. Para ele, aquilo era uma diversão incrível.

Eu aprendi admirar o tio Benedito pela forma descontraída de levar a vida. Enquanto muitos brigam ou discutem por qualquer coisa, ele sempre ri e agradeceu a Deus por tudo. Lembro de um dia que fui à chácara dele que estava debaixo d’agua, e ele rindo perguntava se eu tinha vindo de barco.

A filha Divina chorando muito agradeceu a dona Maria que cuidou do seu pai nesses últimos anos. E mesmo prostrado numa cama, quinta(19/11), ele conversou animadamente com as filhas e brincou com a vizinha que fora lhe visitar. Talvez pressentindo a despedida, ele se esforçava para abraçar as pessoas com um dos braços porque outro estava no soro. A quinta passou e veio a madrugada de sexta-feira que levou embora o tio Benedito. Sentiremos a sua falta. E como ele mesmo falava... “Minha meta era 85, estou com 87 anos, Deus foi muito bom para mim, estou no lucro”.
Ele soube viver como ninguém a vida !!!

Descanse em paz, tio !!!

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