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05/07/2022 às 08h43min - Atualizada em 05/07/2022 às 08h43min

"Mulher pediu para 'Japão' atirar em todo mundo", diz testemunha

Ela disse que chegou a bater boca com a viúva e ouviu três disparos contra agente do socioeducativo

Midia News
Araguaia Notícia
Uma testemunha ouvida pela reportagem afirmou que viu toda a dinâmica da confusão que resultou na morte do agente do sistema socioeducativo Alexandre Miyagawa.
 
Ele foi morto a tiros pelo vereador Marcos Paccola (Republicanos), no início da noite de sexta-feira (1).
 
A testemunha, que pediu para não ser identificada, contestou a versão dada pela mulher de Miyagawa, Janaina Sá, de que o agente não estava com arma em punho quando recebeu os tiros do vereador. 
 
"Eu, já distante do casal, ouvi a Janaina gritar: 'Saca a sua arma aí agora, e dá tiro em todo mundo'. Nessa hora, o Japão levantou a arma para cima e saiu andando para atravessar a rua. Uma pistola pequena, preta. Aí alguém gritou: 'Ele está armado'", afirmou.
 
O agente, conhecido como Japão, morreu em frente a uma distribuidora de bebidas, em Cuiabá.
 
A mulher contou que estava no local com o marido e um casal de amigos, quando ouviu um barulho alto vindo da rua. Instantes depois, ela conta que uma atendente do local anunciou que era um carro branco que havia invadido a via na contramão.
 
"Ao ouvir o barulho, ouvi gritos, e fui correndo ver, porque meu marido havia estacionado nosso carro na rua.  Ao chegar próxima ao carro, os donos dos outros carros já estavam no local".
 
"Eu fui olhar o carro do meu marido para ver se não tinha batido e arranhado. E ouvi ela, ainda dentro do carro, super alterada, gritando muito e batendo no volante: "Eu não aguento mais!", relatou a testemunha ao contar que era a mulher quem conduzia o carro.
 
Segundo a testemunha, Janaina desceu do carro "bastante alterada" e partiu para cima das pessoas que estavam ali questionando o que ela havia feito.
 
"Ela desceu do carro, veio para cima de nós - donos dos carros - e nos questionou: O que eu fiz de errado? Bati no seu carro? Eu disse: Não bateu. E virei as costas. Nisso ela veio atrás de mim e gritou: Oh do cabelão, volta aqui. O que eu fiz errado? E eu disse que ela havia entrado na contramão e quase matado um motoqueiro. E ela gritou: Foda-se! Eu entro na contramão a hora que eu quero, essa rua é minha, é a rua da minha empresa", contou.
 
"E eu dei de ombros, e ela começou a gritar com outras pessoas que estavam no local chamando de maconheiros, drogados, disse que ninguém prestava. E uma pessoa de dentro da distribuidora começou a discutir com ela".
 
Ela contou que, durante o bate-boca, o agente desceu do carro aparentemente alcoolizado, mas calmo, e tentou retirar a mulher da confusão.
 
"O Japão estava todo tempo tentando conter ela, dizendo 'calma', tentava retirar ela dali, e ela gritava e xingava ele. Ele estava visivelmente bêbado, mas estava calmo. E ela estava alteradíssima", contou.
 
Paccola e os tiros
 
A mulher revelou que, por estar no meio da confusão, não viu o momento exato em que o vereador Paccola chegou ao local. Ela disse que apenas lembra de vê-lo ao seu lado, observando a movimentação.
 
"Nessa hora o Paccola já tinha chegado e estava analisando a situação. Eu não vi ele chegar, só vi quando ele apareceu do meu lado. Eu já distante do casal, não sei o que foi dito nem o que aconteceu, só ouvi ela gritar pro Japão: 'Saca a sua arma aí agora, e dá tiro em todo mundo'".
 
"Nessa hora, o Japão levantou a arma para cima e saiu andando para atravessar a rua. Era uma pistola pequena, preta. Eu vi. Aí alguém gritou: Ele está armado. Nessa hora, o Paccola passou correndo e gritou: 'Abaixa a sua arma', algumas vezes. E depois, aconteceu o que aconteceu", contou.
 
A mulher disse ainda que ouviu ao menos três disparos de arma de fogo, mas não sabe precisar com certeza. "Nessa hora eu desviei o olhar porque fiquei com medo. E depois eu ouvi o Paccola falar para o assessor: pega a arma dele", disse. 
 
"Após os tiros, ela [Janaina] foi para cima do Paccola o questionando porque ele havia matado o Japão, xingava ele, e fazia vídeo. O Paccola, ao lado da Janaina, dizia: Eu te defendi. Eu ouvi ele falando", disse.
 
A mulher afirmou que irá procurar as autoridades policiais para prestar oficialmente um depoimento nesta segunda-feira (4). Ela não quis se identificar por temer pela sua segurança.
 
Versão da viúva
 
Em conversa com o MidiaNews, Janaina relatou que Alexandre, conhecido como "Japão", morreu de forma banal. "Ele nem soube por que morreu, coitado”, lamentou.
 
Janaina admitiu que dirigia o carro em alta velocidade na contramão e que Alexandre estava armado, porém garante que ele não apontou a pistola para ninguém.
 
Ela relatou que os dois estavam indo ao Choppão e, como não havia vaga nas proximidades, resolveu estacionar em outro ponto.
 
Após cruzar a Filinto Müller em alta velocidade, ela disse que resolveu parar para fazer xixi em uma distribuidora de bebidas que fica na esquina.
 
“Ele [Alexandre] falou:  ‘Amor, espera”. Falei que não ia esperar porque estava louca para ir ao banheiro. E saí andando. Ele saiu do carro colocando a arma dentro do coldre, com um celular em uma mão e, na outra mão, a carteira”, afirmou.
 
Janaina conta que, nesse momento, percebeu que Paccola estava se aproximando. E que o marido estava vindo atrás dela, com o celular em uma mão, a carteira na outra e arma no coldre.
  
“Depois só escutei os disparos. E quando percebi, o Alexandre já estava no chão”, disse ela. O caso está sendo investigado pela DHPP.

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