02/04/2022 às 19h25min - Atualizada em 02/04/2022 às 19h25min
Funcionária pública descobre que tem autismo após procurar diagnóstico para o filho
Alguns comportamentos que não foram percebidos pela família e por ela mesma, deram sinais de que a servidora era autista
G1 MT
ARAGUAIA NOTÍCIA Neste sábado, 2 de abril, quando se comemora o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, a servidora pública do Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso (TRT) Laudisséia de França Figueiredo, de 48 anos, conta como descobriu que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA): após procurar diagnóstico para o filho dela, acabou tendo o diagnóstico para ela. 'Sempre me percebi diferente por ter comportamentos muito peculiares e diferentes das demais crianças', conta.
Alguns comportamentos que não foram percebidos pela família e por ela mesma deram sinais de que a servidora era autista. Segundo Laudisséia, a mãe relatou que na infância, ela teve dificuldades para começar a falar.
Com o passar do tempo, sempre gostava de estar sozinha. Relatou que até tentava se aproximar de outras crianças, mas não conseguia.
"Quando criança e até hoje, de certa forma, sempre gostei de estar no meu mundo lendo e sonorizando. Sou uma pessoa inquieta, agitada e minha mente borbulha", disse.
Na adolescência, tentou se aproximar e socializar, mas de uma forma distante, segundo ela. Para se enquadrar, Laudisséia contou que utilizava roupas parecidas e tentava imitar o jeito de outros colegas.
"Sempre me senti diferente e inadequada, os imitava, inclusive, nas roupas", contou. Além do espectro autista, a servidora possui albinismo - um distúrbio genético que se caracteriza pela ausência da melanina - e deficiência visual. "A minha condição genética me define, mas não me determina, não me limita e nem me incapacita. O fato de eu apresentar a deficiência visual fez com que eu buscasse formas de melhor adaptação", diz Laudisséia.
Por causa das características, a servidora procurou ajuda de profissionais para tentar entender. Segundo ela, recebeu vários diagnósticos equivocados como bipolaridade, depressão e ansiedade. Os médicos receitavam medicações para esses tipos de transtornos, mas Laudisséia não aceitava tomar.[Segundo a servidora pública, João Paulo é multi-instrumentista — Foto: Arquivo pessoal]Segundo a servidora pública, João Paulo é multi-instrumentista — Foto: Arquivo pessoal
Após o nascimento do filho João Paulo Garrido Franção de Lima, a servidora começou a perceber algumas características em comum entre eles. Durante o crescimento do adolescente ela percebeu alguns comportamentos dele que ela também tinha durante a infância.
Hoje João Paulo já tem 14 anos.
De acordo com Laudisséia, duas situações foram cruciais para a busca por uma avaliação. O primeiro foi a pandemia da Covid-19.
"Com a pandemia comecei realizar o trabalho remoto. Isso foi maravilhoso para mim. Eu gosto de estar com meus colegas, mas ficar realizando meu trabalho sozinha, lembrou a minha infância. Outra observação é que durante o trabalho presencial eu tinha dores de cabeça recorrentes.
Outra situação foi uma crise que João Paulo teve, semelhante as que ela já teve ao longo da vida. Ao ir procurar o diagnóstico para o filho, a médica dele, que é doutora em Transtorno do Espectro Autista (TEA), diagnosticou Laudisseia.
"Receber o laudo foi libertador. Hoje me sinto mais leve. O laudo é autoconhecimento, representa oportunidade de buscar auxílio profissional e de como lidar com as nossas dificuldades", contou. Atualmente, Laudisséia realiza psicoterapia e estuda piano. "A música para mim também representa terapia", diz.
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