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27/04/2021 às 19h40min - Atualizada em 27/04/2021 às 19h40min

Secretária de Saúde cita preconceito e chora na tribuna da Câmara de Cuiabá após ser convocada para dar explicações sobre remédios vencidos

Chorando, ela não contou detalhes sobre o preconceito que tem sofrido, mas disse que quer ser julgada por seu trabalho e não pela cor da sua pele.

G1 MT
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A secretária de Saúde de Cuiabá, Ozenira Félix, se emocionou e fez um desabafo em sessão realizada nesta terça-feira (27). Ela foi convocada pelos vereadores da capital para prestar esclarecimentos sobre medicamentos com data de validade vencida na pasta.

Chorando, ela não contou detalhes sobre o preconceito que tem sofrido, mas disse que quer ser julgada por seu trabalho e não pela cor da sua pele.

A secretária Ozenira, sem entrar em detalhes, relatou que ela e seus filhos, passaram a sofrer de forma sistemática ataques raciais. Ela deixou claro que as ofensas não partiram dos parlamentares.

“Quero pedir desculpas por isso. Não consigo esconder tamanha tristeza que estou sentindo. Sou uma profissional com vasta experiência no poder público além de ser servidora efetiva da Saúde Estadual, não posso aceitar isso e comprometer todo o meu trabalho e ainda afetar a minha família”, desabafou.

“Sei que a minha presença aqui é para outra situação, mas não podia perder a oportunidade de aproveitar esse espaço como Casa do Povo para desabar, não estou falando como secretária, mas como ser humano que está se sentindo ofendida. O que mais me dói são os anos de trabalho comprometidos pela cor da minha pele”.

O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, lamentou que o preconceito racial ainda seja utilizado como uma ferramenta para causar dor e depreciar o trabalho de um profissional. “Uma gestão que se pauta pelo respeito, pela capacidade técnica, rechaça esse absurdo. É aviltante que em 2021 tenhamos ainda que nos deparar com esse tipo de situação”.

O presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Edvande França, lamentou que situações como essa ainda ocorram. “É inadmissível, já estamos em pleno século XXI e ainda nos deparamos com uma situação dessa. Isso não tem justificativa. Ela está onde está por mérito dela, e isso merece respeito”, declarou o presidente.

“Gostaria de me desculpar sobre meu desabafo. O que mais dói são os anos de trabalho a que me dediquei e ser julgada pela cor da minha pele. Isso realmente me incomodou, porque isso machucou o que eu tenho de melhor, que são meus filhos. Isso é inadmissível. Essa repercussão sobre tudo que tem acontecido na secretaria de Saúde, trouxe esse reflexo”, disse.

Ozenira, que está há seis meses a frente da secretaria, afirmou que em relação ao trabalho que desenvolve, não tem qualquer tipo de preocupação.

“Quem está falando não é a secretária, mas a mãe de três filhos, um deles autista. Falo em nome do meu genro, do meu marido, que tem segurado o rojão em casa. Desculpe a fragilidade, mas quem quiser atacar meu trabalho, toda a situação, tudo bem, mas não ataque a pessoa. Já que aqui é a casa do povo eu estou aqui também como povo”, disse Ozenira, emocionada.

Ela aproveitou a oportunidade para contar que certa vez, quando trabalhava com o então secretário de Saúde de Mato Grosso Marcos Machado, foi ao gabinete do ex-governador Blairo Maggi, sofreu preconceito.

“Eu estava no telefone e disse que estava ali porque tinha uma reunião com o governador. Uma pessoa que estava perto disse: coitada, saiu da cozinha e acha que pode falar com o governador. Quando eu entrei no gabinete do ex-governador, a pessoa estava lá dentro. Contei a Blairo Maggi, que assim coo Emanuel Pinheiro nunca me julgou pela cor da minha pele, disse que tudo que eu precisasse, aquela pessoa deveria me atender”, contou Ozenira.

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