08/02/2019

VEJA VÍDEO: Coordenador afastado diz que pedido de propina no Dsei Xavante partiu de dois indígenas

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Após a operação Blackmail da Polícia Federal no Distrito Sanitário de Saúde Indígena (Dsei) Xavante de Barra do Garças, o coordenador afastado Valmir Faria, concedeu entrevista coletiva na quinta-feira (7/2) dizendo o pedido de propina não partiu dele e sim de dois indígenas que estão sendo investigados também. VEJA VÍDEO DA ENTREVISTA LOGO MAIS ABAIXO 

“Eu tenho 20 anos que participo na política de Pontal do Araguaia e sou conhecido em toda região e tenho que fazer esse esclarecimento. Meu afastamento foi por ter aceito a pressão dos indígenas e ter dispensado a enfermeira denunciante, mas o pedido de propina não fui eu que fiz”, destacou.

Valmir acredita que irá provar a sua inocência e retornar ao cargo. Sobre o questionamento de que de teria desviado combustível no Dsei Xavante, o coordenador declarou que não houve desvio. Ele alega que acusação diz respeito a 40 litros de combustível que ele autorizou via mensagem de whatsApp enviado por dois funcionnários explicando que o combustível seria para atender uma aldeia.

“Eu recebi uma ligação dos funcionários solicitando o combustível para funcionar o motor gerador de energia de uma aldeia e assim fiz. Depois um dos solicitantes mandou a mensagem para polícia dizendo que eu estaria desviando combustível”, explicou.

O coordenador afastado ressaltou que quando entrou no Dsei Xavante, foi ele quem denunciou o gasto que havia com combustível. “Hoje não estamos rodando com quase 60 veículos e gastando o que se gastava no passado com 20 veículos. Portanto existe uma economia e consegui acabar com as fraudes que havia aqui”, completou.

Sobre o caso da enfermeira que recebeu uma mensagem com o pedido de 2 mil reais para continuar no cargo, Valmir disse que o pedido partiu dos indígenas. E depois disso as lideranças passaram a pressioná-lo para demitir a enfermeira.

Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão nas cidades mato-grossenses de Pontal do Araguaia e Barra do Garças. Os mandados foram expedidos pela Subseção Judiciária de Barra do Garças/MT atendendo pedido formulado pelo MPF. Além dos mandados, a Justiça Federal também determinou, a pedido do MPF, a suspensão da função pública do Coordenador do DSEI Xavante e do Presidente do Conselho de Saúde Indígena (Condisi) Xavante, a proibição de ingressar na sede do DSEI e de manter contato com servidores e colaboradores que trabalham na sede do distrito. Essas últimas duas medidas se aplicam também a um terceiro sujeito, assessor do Coordenador do DSEI Xavante.

As investigações tiveram início em outubro de 2018, a partir da entrega ao MPF de uma denúncia formulada por uma enfermeira. A profissional havia sido contratada pelo subsistema de saúde indígena, no qual ela relatou que foi coagida a pagar propina para que permanecesse no cargo.

Como ela não realizou os pagamentos, passou a sofrer assédio moral. As coações foram realizas pelo presidente do Condisi e por um assessor do coordenador do DSEI.

O assessor enviou mensagens por whatsapp exigindo o pagamento de R$ 2 mil para manter a enfermeira no cargo. O número da conta para depósito foi indicado por meio das mensagens de texto.

O coordenador do DSEI Xavante, por sua vez, recebeu os pedidos do presidente do Condisi para demitir a enfermeira, e mesmo esta, informando sobre as chantagens, não tomou providências e além disso, determinou o desligamento dela do emprego ocupado.

Pessoas ouvidas no MPF afirmaram que esta não foi a primeira vez que fato semelhante ocorre, além de denunciarem fraudes no sistema de abastecimento dos veículos do órgão e que o coordenador exige a contratação de pessoas para as funções de prepostos e de empregados das prestadoras de serviço.

As investigações ainda não foram concluídas e os investigados poderão responder criminalmente por associação criminosa (artigo 288), peculato (312), concussão (artigo 316) e extorsão (artigo 158), previstos no Código Penal, bem como pela violação da Lei de Improbidade Administrativa.

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