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08/02/2012 às 14h54min - Atualizada em 08/02/2012 às 14h54min

Em menos de 1 ano, 4 mães perdem os filhos por falta de UTI pediátrica

Olhar Direto
Blog do Gusmão

Quatro mulheres e vizinhas do bairro Jardim Liberdade, na periferia de Rondonópolis, dividem o mesmo infortúnio e a mesma dor de enterrar os filhos e netos ainda crianças. O mais grave de tudo é saber que a guerra travada com doenças como pneumonia e leucemia foi perdida por falta de UTI pediátrica no município e a demora em conseguir vaga em Cuiabá, única cidade do Estado que possui leitos para crianças e adolescentes de dois meses a 18 anos.

São apenas 24 vagas nos hospitais Geral, Júlio Muller e Santa Helena. Mato Grosso possui 439 leitos de UTI, sendo 227 deles do Sistema Único de Saúde (SUS). Deste total, 72 são de UTI neonatal (até 30 dias de vida) e 131 adulto. Estas duas são distribuídas em cidades do interior também.

Com fotos nas mãos, as mães choram ao lembrar-se dos últimos momentos que viveram ao lado dos seus pequenos. Vera Ferreira de Souza, 32 anos, ainda não se recuperou do baque de perder o filho Jonathan Rafael Souza Santos, 5 anos, no dia 24 de janeiro. “Se tivesse UTI aqui na cidade, se a ambulância não demorasse em fazer o transporte, se conseguisse vaga na hora que precisava talvez meu filho estivesse vivo”.

O menino era portador de anemia falciforme e fazia tratamento em Cuiabá. Como a médica estava de férias, quando o menino passou mal, a família o levou para a Santa Casa de Rondonópolis, que não tem UTI pediátrica. A vaga só foi obtida no dia seguinte, às 19 horas. Contudo, a única ambulância equipada com UTI pediátrica atende toda a região Sul e só chegou ao hospital às 22 horas para levar o garoto a capital. O menino morreu assim que chegou ao Hospital Santa Rosa.

A neta de Rosimeire Padilha Cândido, a pequena Taíssa Cândido Silva, de 1 ano, morreu vítima de complicação por uma pneumonia em novembro. A criança já nasceu com problemas no coração. “Ficamos cinco dias esperando vaga na UTI; ela foi para Cuiabá e morreu nove dias depois. É um absurdo que uma cidade deste tamanho não tenha UTI. Se minha neta tivesse conseguido a vaga antes, poderia ter sobrevivido”.

A pequena Joyce Mirele Bezerra de Melo, de dois meses, também foi vítima de uma pneumonia grave. “Ela ficou sete horas entubada esperando uma vaga surgir em Cuiabá para ser transferida; mas ela não agüentou”, chorou a mãe.

Outra criança do bairro também morreu há três meses por falta de UTI, comentaram as mães. Só que a transferência dela, feita para o Hospital Sara Kubistchek, em Brasília, não foi feita em tempo hábil.

Algumas das mulheres pensam em acionar o Estado e o município para garantir o serviço em Rondonópolis. “Não dá para aceitar que outras crianças continuem morrendo por falta de UTI. É uma obrigação do poder público com a população”.

Conforme a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Rondonópolis deve ganhar 10 leitos de UTI pediátrica e 10 leitos de UTI neonatal conforme o programa de expansão das unidades de terapia intensiva. Ainda não há um prazo definido para o funcionamento desses leitos.

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