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03/10/2014 às 12h28min - Atualizada em 03/10/2014 às 12h28min

Cemitério indígena faz governo projetar contorno e índios ameaçam cobrar pedágio

Interessante News com Agencia da Noticia
Reprodução

Erro de demarcação da Funai faz governo planejar contorno e terá que replanejar novamente com “descoberta” de cemitério.

 

Os enormes bruracos, pontes quebradas e a poeira estão longe de serem os únicos problemas da BR 158, a principal rota do fluxo de produção do Norte Araguaia, a complexidade chegou a um ponto extremo, que hoje a rodovia não tem sequer um traçado definitivo.

O trecho de Bom Jesus do Araguaia a Canabrava do Norte passa dentro da terra indígena Marãiwtsédé, no entanto um erro admitido pela própria Fundação Nacional do Índio (Funai), pois depois do novo traçado da BR 158 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura, disse ter encontrado o cemitério dos Xavantes, porém fora da área demarcada, e pede que o projeto seja refeito contornando o cemitério, que hoje é virtual e não demarcado.

Os índios juntamente com a Funai não querem o asfalto, por isso o governo planejou um contorno para atravessar o território, que pode deixar de ser Terra Indígena, já que processos idênticos tem desfeito armadilhas das demarcações pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O novo percurso de terra, que passa por pequenos municípios da região e amplia a viagem em cerca de 100 quilômetros, foi desenhado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que já trabalhava nas etapas finais para iniciar a contratação das obras de pavimentação.

Ocorre que, recentemente, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou ter descoberto um cemitério de índios xavantes na região. A terra sagrada sofreria impacto com o contorno. Por causa disso, o Dnit foi obrigado a abandonar a ideia e, agora, trabalha nos estudos de um outro contorno, o qual amplia ainda mais o traçado, além de cortar áreas de floresta e fazendas.

Indignado, o prefeito de Serra Nova Dourada, Edson Yukio Ogatha, abre um mapa sobre a mesa e mostra o segundo contorno em análise. “Essa proposta é um absurdo. A estrada passaria pelo nosso município, mas agora querem suspender o projeto por conta de supostas terras indígenas que nem se comprovaram. É uma angústia para nós, um desrespeito total com a região.

A Funai confirmou que encontrou um cemitério indígena e aguarda novos planos do Dnit para analisar outro contorno. O Dnit informou que deve entregar os estudos sobre o impacto ambiental do traçado até o fim de setembro.

A notícia tirou o sono dos 50 mil moradores dos seis municípios da região. “Foram cinco anos na espera desse contorno e agora nos chegam com isso? Eles preferem abrir uma estrada do zero, com mais desmatamento, em vez de passar por aqui, onde já tem estrada de terra? Nós estamos à parte do desenvolvimento, isso não faz sentido”, diz Marcos Roberto Reinert, pequeno produtor na região e ex-prefeito de Serra Nova Dourada.

Para grandes produtores, o ideal seria que a BR-158 continuasse com o seu traçado original, ou seja, passando por dentro da terra indígena, uma situação que já ocorre em outras regiões do País.

É o que espera também o empresário Arnon Araújo dos Santos, dono do posto de gasolina Arnon, instalado no trecho da estrada que deixará de existir. “Vivo nessa região há 40 anos. Essa rodovia é uma luta nossa de sempre, mas nunca vencemos. Agora, querem tirar a estrada daqui e convencer o caminhoneiro de aumentar a viagem. Ninguém vai fazer isso”, diz ele.

O clima entre índios e caminhoneiros, que já não era bom, tem piorado. “Os índios têm ameaçado cobrar pedágio aqui na BR para liberar a passagem, mas não vamos aceitar isso”, reage o caminhoneiro Jesus da Silva Oliveira, usuário frequente da rodovia. 

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