08/08/2023 às 10h37min - Atualizada em 08/08/2023 às 10h37min
Filha de corretor morto por comissão de R$ 20 milhões espera pena 'proporcional à crueldade' e fala sobre espera do júri: ‘Reviver a dor’
Corpo de Wellington Luiz Ferreira Freitas, de 67 anos, foi encontrado carbonizado próximo a uma fazenda em Rio Verde. Advogado do fazendeiro afirma que supostas provas foram produzidas.
A filha do corretor morto por causa de comissão de R$ 20 milhões diz que espera que a condenação dos acusados do homicídio seja proporcional ao tamanho da crueldade deles. A Justiça determinou que o fazendeiro e os dois homens acusados da morte de Wellington Luiz Ferreira Freitas, de 67 anos, vão a júri popular e, para Andressa Freitas, cada parte do processo é reviver a dor.
“Eles não só tiraram a vida do meu pai como torturaram ele, então, queremos que eles peguem a pena máxima”, disse Freitas ao g1.
Após duas semanas desaparecido, o corpo do corretor foi encontrado carbonizado e com sinais de estrangulamento no dia 20 de junho de 2022, às margens da BR-060, próximo de uma fazenda que ele tinha comprado há pouco tempo, em Rio Verde, no sudoeste de Goiás. De acordo com a perícia, Wellington ainda respirava quando os suspeitos colocaram fogo no corpo dele.
A investigação apontou que o fazendeiro Renato de Souza, de 55 anos, encomendou a morte do corretor após ele vender uma fazenda de R$ 300 milhões e cobrar uma comissão de R$ 20 milhões. Para não pagar o valor, Renato prometeu pagar R$ 150 mil para Rogério Muniz para ele matar Wellington. Muniz contou contou com a ajuda de Rogério Teles para enganar e matar o corretor.
O fazendeiro e dois homens foram acusados da morte de Wellington e devem ir a júri popular. Em nota, o advogado de Renato afirmou que utilizará de todas as instâncias e medidas cabíveis para demonstrar a ilegalidade e injustiça do processo. Ao g1, o advogado de Teles disse que o cliente dele é inocente. Já a advogada de Muniz, informou que não irá se manifestar sobre o caso.
Expectativa da família da vítima
Um ano e um mês após o crime, o g1 conversou com a filha do corretor para saber a expectativa da família da vítima para o júri dos acusados. Andressa Freitas relembrou a crueldade da morte do pai e disse que eles esperam que a pena seja proporcional. “Espero que eles peguem a pena máxima, ainda mais pela crueldade. Eles não só tiraram a vida do meu pai como o torturaram”, disse.
Freitas destaca que, de acordo com as perícias, Wellington sofreu muito antes de morrer. “Eles o enforcaram, deixaram ele lá ainda vivo, voltaram horas depois e colocaram fogo nele ainda vivo”, disse. Para a jovem, não havia necessidade de eles terem cometido o crime dessa forma e revela que no interrogatório os dois Rogérios contaram que Wellington implorou para viver.
“Eles não tiveram um pingo de dó e, por isso, desejo que eles peguem a pena máxima”, afirma.
A filha destaca que o corretor era um pai presente e uma pessoa muito boa, o que deixa a família revoltada com o crime. “Não precisava. Não precisava ter matado, quem dirá fazer com tanta maldade”, enfatiza. Freitas afirma ainda que as cenas de como o crime foi cometido passam como um filme na cabeça dela a cada parte do processo e diz que está aprendendo a viver com o luto.
“Você não se recupera 100%, mas a gente aprende a viver. A dor não passa e a cada hora que a gente passa por uma audiência e sai uma decisão, a gente volta no tempo. Passa um filme na nossa cabeça. É uma dor que não passa, a gente aprende a viver com esse buraco, com esse trauma”, disse. Freitas revela que nunca teve coragem de contar para os filhos como o avô morreu.
Na decisão de mandar o fazendeiro e dois homens para o júri popular, a juíza Grymã Guerreiro Caetano Bento destaca ainda que há indícios de autoria do crime, porém houve mudanças nos elementos da denúncia. Ela ainda nega o pedido de revogação da prisão deles e, por isso, eles continuam presos preventivamente. O júri ainda não tem uma data definida para acontecer.
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