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09/05/2022 às 08h27min - Atualizada em 09/05/2022 às 08h27min

Veículos velhos e pista sinuosa: combinação perigosa na MT-251

Caminhão envolvido em acidente no Portão do Inferno, na última quarta-feira, tinha 27 anos e problema nos freios

Midia News
ARAGUAIA NOTÍCIA
O acidente com um caminhão que caiu no Portão do Inferno, entre Cuiabá e Chapada dos Guimarães, na última quarta-feira (4), jogou luz sobre um problema percebido por quem usa a MT-251 com frequência: a quantidade de veículos velhos que trafegam na estrada.
 
O caminhão, conduzido pelo motorista Daniel Francisco Salles, era um Mercedes Benz modelo 1418 fabricado em 1995, portanto há 27 anos. 
 
Segundo Vera Lucia Salles, que é esposa de Daniel, o marido relatou a ela que o veículo ficou sem freio ao entrar no Portão do Inferno, o que o levou a atingir o paredão e a cair no precipício em seguida. Ela também contou que houve outros episódios de problemas com o freio.
 
Veículos velhos na estrada, que tem trechos sinuosos - exigindo freios em bom estado -, não são uma novidade para quem vive entre Cuiabá e Chapada.
 
O fotógrafo Izan Petterle mora na cidade turística e quase todos os dias precisa passar pela MT-251 para vir até a Capital. Ele relata que o número de veículos velhos e impróprios que passam pela estrada é impressionante.

Tem um monte de gente que mora em Chapada e já está com medo de vir para Cuiabá agora, porque por mais que a pessoa tenha cuidado esse ocorrido com o caminhão mostra que não adianta você se proteger. [...] Então é isso, estrada da morte

 
“Você pega de tardezinha, que as pessoas estão voltando do trabalho, simplesmente a estrada é lotada de carreta, caminhão velho. Então é um fator de risco enorme para a população”, conta.
 
Além dos veículos antigos, o fotográfo também se assusta com a imprudência de alguns motoristas. Segundo Izan, os condutores usam a MT-251 como uma “pista de corrida”, com motocicletas a 200 km/h aos domingos e caminhonetes passando dos 160 km/h.
 
Com três acidentes na rodovia em menos de uma semana, ele afirma que os moradores já estão com medo de pegar a estrada.
 
"Tem um monte de gente que mora em Chapada e já está com medo de vir para Cuiabá agora, porque por mais que a pessoa tenha cuidado, esse ocorrido com o caminhão mostra que não adianta você se proteger. [...] Então é isso: estrada da morte”, conclui.
 
Segundo ele, o número de acidentes mortais que ocorrem na MT-251 ao longo dos anos é o reflexo de uma rodovia sem fiscalização e construída em um local de alto risco, como é o caso do trecho do Portão do Inferno. Izan ainda afirma que o acidente deve servir como um alerta para o poder público.
 
Fiscalização e imprudência
 
O comandante do Batalhão de Trânsito Urbano e Rodoviário da PM, tenente-coronel Adão César Rodrigues Silva, explicou à reportagem que a fiscalização na rodovia ocorre durante 24 horas nos sete dias da semana.
 
Segundo o comandante, um policial militar fica no posto e uma viatura é disponibilizada para fazer rondas na extensão da estrada. No entanto, o tenente-coronel diz que não é possível avaliar se um veículo está com problemas mecânicos no momento da fiscalização.
 
“Eu verifico documento, vistoria, mas questão de problemas mecânicos, se o caminhão está com a bateria tranquila, com a faixa de freio ok, manutenções periódicas no veículo, isso parte do proprietário. Seja ele a empresa ou o motorista”, afirma.
 
O comandante ainda explica que o fato de um veículo ser antigo pode influenciar no seu desempenho mecânico, porém o fator decisivo na maioria dos acidente atendidos pelo Batalhão é a imprudência.

A palavra é imprudência aliada a uma dose de irresponsabilidade

Ele afirma que, por não haver mais postos de fiscalização na rodovia isso abre brecha para que maus condutores se aproveitem da situação para agir de forma imprudente, assim como relata Izan em suas experiências na MT-251.
 
Ainda que houvesse mais policiais na estrada, o comandante acredita que os condutores agiriam perigosamente nos trechos não fiscalizados.
  
No caso do acidente com o caminhoneiro Daniel, o comandante afirma que o condutor assumiu o risco de conduzir um caminhão antigo e impróprio para ser dirigido.
 
“O risco que esse motorista sabia que estava levando... Se ele afirma que já teve outro caso em que perdeu o freio, não estava em condições de andar com aquele veículo e tinha que ter informado a empresa”.
 
“A palavra é imprudência aliada a uma dose de irresponsabilidade. Porque se eu tenho conhecimento que não estou com o veículo em condições de rodar nesse trecho, jamais poderia fazê-lo”, conclui. 

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