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24/02/2022 às 09h22min - Atualizada em 24/02/2022 às 09h22min

Perito culpa vítima por atropelamento e diz que velocidade de médica não fez diferença

Declaração foi dada durante audiência de instrução e julgamento no fim da tarde desta quarta-feira (23)

Repórter MT
ARAGUAIA NOTÍCIA
Testemunha de defesa da médica Letícia Bortolini, acusada de matar atropelado o verdureiro Francisco Lucio Maia em um acidente na Avenida Miguel Sutil, em Cuiabá, o perito criminal Alberi Espindula culpou a vítima pelo ocorrido, e afirmou que a velocidade com que a médica dirigia seu veículo não teve influência no acidente. 

A declaração foi dada durante audiência de instrução e julgamento no fim da tarde desta quarta-feira (23). Além dele, outras quatro pessoas foram ouvidas pelo juiz Flávio Miraglia Fernandes, da 12ª Vara Criminal de Cuiabá. Letícia Bortolini também prestou depoimento.

Contratado pela defesa da médica para uma perícia particular, Espindula afirmou em seu depoimento que houve uma “sucessão de erros” por parte da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), que não teria analisado todos os ângulos do caso, deixando passar informações importantes que acabaram comprometendo a análise oficial. 

Segundo ele, um exemplo foi o sistema de anticolisão do Jeep Compass da médica. O perito destacou que o equipamento é feito para evitar uma colisão frontal e possui sistema de frenagem automática. Ele explicou que o dispositivo emite um sinal sonoro para que o motorista tome providências para evitar uma batida quando o risco é detectado e consegue acionar, por conta própria, o freio do veículo. 

Relembre - Médica dirigia a 101km/h quando atropelou verdureiro na Miguel Sutil

Espindula frisou que a existência do sistema não foi levada em consideração nos exames de perícia, e garantiu que o dispositivo possui “toda a relevância” para o caso. Ele destacou que, nas imagens do acidente, é possível notar que o equipamento sequer foi acionado, ressaltando que isso ocorreu porque o “obstáculo não estava na pista”, ou seja, o verdureiro Francisco Maia não andava na rua. 

Culpa é da vítima?

Segundo Espindula, o verdureiro se movia alternando entre o canteiro e a rua, em movimentos extremamente rápidos. O perito afirmou que foi em um desses momentos que Francisco Lucio Maia foi atropelado. Dessa forma, conforme o depoimento, não havia como a médica não atingi-lo, uma vez que Francisco “apareceu” na frente do carro em uma fração de segundo e haveria outro carro na pista ao lado, impossibilitando que Letícia desviasse.

Perito Alberi Espinula, no canto inferior esquerdo, foi o segundo a prestar depoimento nesta quarta (23)

O perito também afirmou que, independentemente da velocidade com que a médica dirigia naquela noite, ela não conseguiria evitar o acidente. 

"No momento da colisão, foi no espaço de um segundo, não dava para ter reação mais. Mesmo que a condutora estivesse em velocidade de placa, a 60 km/h, e os próprios peritos colocam a hipótese no laudo, que não seria possível. Foi o mesmo resultado que nós chegamos. Isso acontece muito em acidente de trânsito, a pessoa entra em fração de segundo", colocou.

Outros pontos destacados pelo perito foi que o carrinho de mão usado para o trabalho do verdureiro não tinha sinal luminoso ou qualquer adesivo que permitia que ele fosse visualizado a longa distância, assim como a via não era bem sinalizada. Ele também destacou que a vítima teve um ferimento grave na região da virílha, provocado pelo carrinho de mão, e que o caso também não foi anotado pela perícia oficial. "Foi uma sucessão de erros", garantiu.

Promotor x testemunha

A declaração sobre a velocidade do veículo foi contestada pelo promotor de Justiça Samuel Frungilo, responsável pela ação. Ele questionou se, na visão do perito, o resultado de um acidente provocado por um veículo a 20 km/h e outro a mais de 100 km/h seria o mesmo. Espindula respondeu que não poderia fazer essa afirmação, e que sua declaração comparava o resultado de um veículo a 60 km/h.  

Outro ponto que causou “estranhamento” entre a testemunha e o promotor foi em relação à possibilidade de embriaguez da acusada. Frungilo perguntou se a embriaguez reduz a capacidade de atenção do motorista, e o perito respondeu que sim, acrescentando que, entretanto, o teste do bafômetro não atestou álcool no sangue da médica. 

Frungilo, então, lembrou que o PM que atendeu a ocorrência garantiu que a médica estava em visível estado de embriaguez, e ressaltou que o teste do bafômetro foi feito muito tempo depois do crime. O perito, por sua vez, alegou que o promotor estava seguindo caminho subjetivo para alegar que a médica dirigia embriagada. 

Após o depoimento de Alberi Espindula, o juízo ouviu outras três pessoas, dentre elas o sogro de Letícia Bortolini.

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