Os três alunos e o professor de cursinho que foram presos em Cáceres, a 250 km de Cuiabá, suspeitos de tentarem fraudar a prova do concurso da Segurança Pública, foram soltos nessa terça-feira (22). Um dos candidatos teria contratado um professor de cursinho para fazer a prova no lugar dele. Outros dois alunos que seriam beneficiados também foram presos.
Os quatro suspeitos foram presos no domingo (20), dia em que a prova foi realizada. O candidato suspeito de contratar o professor de cursinho para fazer a prova no lugar dele, teria pago R$ 50 mil para tentar a vaga de investigador da polícia, com um salário inicial de R$ 5.657,47.
Ou seja, para pagar o valor acordado com o professor, precisaria de pelo menos nove meses de remuneração.
Eles tiveram a prisão revogada pela Justiça e vão responder à investigação em liberdade.
Segundo o boletim de ocorrência, o professor de cursinho confirmou que estaria fazendo a prova no lugar do outro pois ele era 'ruim de redação'.
Além do candidato a investigador e do professor, outros dois alunos foram presos suspeitos de envolvimento na tentativa de fraude. Eles também seriam beneficiados.
O concurso foi realizado em oito municípios do estado.
De acordo com as informações da Polícia Civil, a equipe foi até um dos locais de provas após receber uma denúncia de que um candidato teria contratado uma pessoa para fazer a prova no lugar dele.
Ao chegar no endereço, constatou que a pessoa que estava fazendo o exame tinha características físicas totalmente diferentes do candidato do concurso.
A pessoa que estava no lugar do candidato foi retirada da sala pela coordenação do concurso e levada para outro ambiente da escola, onde confessou aos policiais que faria a prova em lugar de outro, como um favor.
Esta pessoa se identificou como agente penitenciário e professor de cursinho. Ele também relatou que o candidato faria a prova em outra sala, utilizando os documentos dele, ou seja, se passando pelo professor do cursinho.
Os policiais civis identificaram o segundo suspeito em outro local e com ele foi localizado um documento em nome do agente penitenciário.
Ao encaminhá-lo para a viatura, os investigadores notaram um volume na sua cintura. Questionado pelos policiais, ele confessou ser um celular, que estava envolto em material com silicone para tentar dissimular o sinal e a fiscalização.
Disse ainda que pelo celular, o falso o professor, que faria a prova em outro local, passaria as respostas da prova a mais dois alunos.
Estes dois foram localizados pela equipe policial e conduzidos à Delegacia de Cáceres.
Com eles também foram encontrados aparelhos celulares escondidos em uma caixa de silicone, como tentativa de burlar a fiscalização.
Conforme declarações dos suspeitos, eles haviam combinado sinais para o recebimento das respostas da prova.
A ação policial identificou todos os envolvidos, que foram excluídos do concurso público.
Irregularidades no concurso O Ministério Público Estadual (MPE) informou que recebeu por meio da ouvidoria cerca de 30 denúncias de irregularidades durante a aplicação da prova do concurso da Segurança Pública.
Entre os supostos erros apontados, segundo o MP, estão a ausência de detectores de metal, celular vibrando em sala de aula e pessoas tirando fotos no local da prova.
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) informou que não recebeu qualquer denúncia formalizada e as denúncias de fraude no dia da realização do concurso foram amplamente investigadas pelo núcleo de inteligência da Polícia Civil, com resposta rápida, resultando na prisão ocorrida em Cáceres, no domingo.
A Sesp esclareceu ainda que embora seja responsável pela realização do concurso, contratou a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para a execução do mesmo, incluindo a realização da prova. Sendo assim, os questionamentos devem ser feitos a mesma.
O g1 entrou em contato com a UFMT, mas não obteve retorno até esta publicação.
O MP informou que as denúncias serão encaminhadas para análise do Núcleo de Promotorias da Cidadania.