11/12/2021 às 08h04min - Atualizada em 11/12/2021 às 08h04min

Justiça condena a 26 anos de prisão madrasta acusada de envenenar enteada de 11 anos para ficar com herança de 800 mil

Defesa defende que unidades de saúde façam exame toxicológico em crianças que chegam passando mal.

Mirella, de 11 anos, que morreu após ser envenenada pela madrasta
Thiago Trindade / G1 MT 
ARAGUAIA NOTÍCIA
 

O advogado da família de Mirella Poliane Chue de Oliveira, Luciano Augusto Neves, defendeu nesta sexta-feira, ao fim do julgamento do caso da garota envenenada pela madrasta, que as crianças que chegam passando mal nas unidades de saúde sejam submetidas ao exame toxicológico.

Segundo ele, no caso, em questão, a pena serviu de exemplo. Mas, que as autoridades de saúde precisam adotar, como prevenção, o pedido de exame toxicológico nas crianças que chegam passando mal. "Não queremos que outras crianças venham a falecer como a menina Mirella", defendeu.

Quanto a pena, o advogado disse que a justiça foi feita com a condenação de 26 anos e 8 meses. "Foi uma pena justa, mas não é motivo de comemoração, nós não teremos a Mirella de volta", disse o advogado que participou da assistência de acusação.

Para ele, o caso deve servir de alerta para que unidades públicas e particulares possam adotar, como prevenção, o pedido do exame toxicológico. "Para identificar se aquela criança que entrou com algum sintoma esteja passando mal por conta de algum veneno", destacou.

Jaíra Gonçalves de Arruda Oliveira, de 43 anos, foi condenada nesta sexta-feira (10), por matar envenenada a enteada em 2019. O julgamento durou dois dias e Jaíra foi condenada a cumprir 26 anos e oito meses de prisão. A pena foi aumentada por quatro qualificadoras.

O julgamento começou nesta quinta (9) e terminou na tarde desta sexta, no Fórum de Cuiabá.

Mirella Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos, morreu em 14 de junho de 2019, após ser internada em um hospital particular da capital. Através de exames, foram detectadas duas substâncias no sangue da vítima: uma delas veneno que provoca intoxicação crônica ou aguda e a morte. Jaíra Gonçalves, sempre figurou como a principal suspeita do envenenamento da garota.

O processo com mais de 3 mil páginas, reúne depoimentos de dezenas de testemunhas, laudos e relatórios de perícias.

De acordo com a denúncia, a madrasta levou Mirela 12 vezes a hospitais no período em que colocava veneno na comida dela, mas sempre em hospitais diferentes para não levantar suspeitas, até que Mirela teve uma parada cardíaca e morreu.

Para a polícia, Jaíra queria ter acesso a R$ 800 mil que a menina recebeu de um hospital como indenização pela morte da mãe dela no parto. Mirela só teria acesso aos valores quando completasse 18 anos.

A suspeita está presa desde setembro 2019 na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, na capital. Agora ela foi condenada pela Justiça.

Internações

Todas as vezes que a menina passava mal era levada ao hospital, onde ficava internada de três a sete dias e, depois, melhorava. Ao retornar para casa, ela voltava a adoecer.

Foram, ao todo, nove internações em dois meses. Ela recebia diagnósticos de infecção, pneumonia e até meningite. Na última vez em que foi parar no hospital, a menina já chegou morta. O hospital não quis declarar o óbito, mas suspeitava ser meningite.

Na ocasião, foi acionada a Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), que diante de falta de evidências sobre morte violenta, requisitou vários exames por precaução. Em um deles, foi detectada a substância venenosa no sangue da menina.[Mirella Poliane Chue de Oliveira, morta aos 11 anos por envenenamento em MT — Foto: Arquivo pessoal]Mirella Poliane Chue de Oliveira, morta aos 11 anos por envenenamento em MT — Foto: Arquivo pessoal

Motivo do crime

A vítima tinha direito a uma indenização pela morte da mãe durante o parto, por erro médico em um hospital da capital. A ação foi movida pelos avós maternos da criança. Em 2019, após 10 anos, o processo foi encerrado, e o hospital foi condenado a pagar uma indenização de R$ 800 mil à família, já descontando os honorários advocatícios.

Parte do dinheiro ficaria depositada em uma conta para a menina movimentar na idade adulta. A Justiça autorizou que fosse usada uma pequena parte desse fundo para despesas da criança, mas a maior quantia só poderia ser acessada aos 24 anos. O dinheiro começou a ser pago em 2019.

Até 2018, a menina era criada pelos avós paternos. Em 2017, a avó morreu e, no ano seguinte, o avô também faleceu. Então, a garota passou a ser criada pelo pai e pela madrasta, Jaira Gonçalves de Arruda. A partir daí, a mulher deu início ao plano de matar a criança para ficar com a indenização, segundo investigadores.

A suspeita foi ouvida após a morte da menina e contou que convive com o pai da vítima desde que ela tinha 2 anos de idade e que se considerava mãe dela.

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