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24/09/2011 às 07h31min - Atualizada em 24/09/2011 às 07h31min

Dia do Rádio, uma homenagem a galera da latinha

A primeira rádio de Barra foi inaugurada em 1978

Olhar Direto
Rádio Aruanã Batista Alves é locutor com mais tempo no ar em Barra desde 1979

Dia 25 de setembro comemora-se o Dia do Rádio e da Radiodifusão no país porque foi o dia nasceu o fundador da primeira emissora de rádio no Brasil, Edgar Roque Pinto. A Rádio Sociedade, no Rio de Janeiro, inaugurada dia 20 de abril de 1923, com apoio da Academia Brasileira de Ciências. O prefixo era diferente do que acostumamos hoje AM e FM. Era PRA-A. Logo depois veio a Rádio Clube do Brasil PRA-B, fundada por Elba Dias.

Em São Paulo/SP, a primeira emissora foi a Educadora Paulista, fundada em 1924 e em Belo Horizonte, a primeira rádio foi a Rádio Mineira fundada em 30 de maio de 1936. Mas, a primeira transmissão do Rádio foi no dia 07 de setembro de 1922, durante a exposição comemorativa do centenário da independência.

O discurso do então Presidente da República, Epitácio pessoa, além de ser ouvido no recinto da exposição, chegou também em Niterói, Petrópolis e São Paulo, graças à instalação de uma retransmissora no Corcovado e de aparelhos de recepção nesses locais.

Hoje são milhares de rádios espalhadas pelo país, levando alegria , entretenimento e informação para um Brasil de audiência, e principalmente ao ouvinte que sempre fez do Rádio, seu grande companheiro.

Em Mato Grosso, os primeiros sons radiofônicos surgiram em 25 de Dezembro de 1934, ano em que o radioamador Deodato Gomes Monteiro inaugura a rádio sociedade de Cuiabá e o primeiro rádio clube mato-grossense. Dois anos mais tarde, 1936, Jercy Jacob monta um transmissor em ondas curtas a PRH-3, que foi registrado e mais tarde passou a operar com o nome de Rádio A Voz do Oeste, a primeira rádio de Mato Grosso e da região Centro Oeste brasileira.

Vale dizer que naquela época que surgiu o rádio não existia escola muito menos faculdade de radiojornalismo e os primeiros profissionais eram radioamadores. E foram eles, os radioamadores que os primeiros a levarem as notícias aos lares brasileiros e mato-grossenses.

Na Era do Rádio, o grande astro era "Vital Fernandes da Silva", o "Nhõ Totico", que permaneceu no ar por 30 anos. O mais incrível é que nesta época ele apresentava dois programas ao vivo e totalmente improvisados. Nos dias de hoje, com um ouvinte mais exigente, o radialista precisa de muita técnica e ter um padrão que se identifique com cada emissora.

Em Barra do Garças, no leste de MT, o radio de válvula e depois a pilha era o companheiro inseparável na cidade denominada Portal da Amazônia. Emissoras como Rádio Nacional de Brasília, Tupi e Globo do Rio de Janeiro, Rádio Independência Mineira, Gaúcho e Guaíba do Rio Grande do Sul por muito tempo preencheram a vida dos barra-garcenses que tinham aqueles rádios antigos como Semp, Motoradio entre outras marcas. Essas emissoras eram os meios de se noticiar e saber o que estava acontecendo no país. Tudo era mais difícil naquela época, nas décadas de 30, 40 e 50.
Eram poucas estradas, pontes não existiam e a região denominada Brasil Central cuja picada inicial foi descoberta no século passado pelos bandeirantes e depois demarcada pelos irmãos Villasboas e posteriormente colonizada pela Fundação Brasil Central, implantada pelo presidente Getúlio Vargas.

A comunicação radiofônica no Araguaia surgiu bem depois, já no final da década de 70. Os alto-falantes que anunciavam óbitos, desaparecimentos e casamentos nas quermesses e feiras capitaneadas pelo Baiano Doido e Oliveira Santos se transformaram na primeira rádio de Barra do Garças, em 1978, com a Rádio Emissora Aruanã, prefixo na época, era 1.480 AM.

Fundada por Álvaro Pedro e Milton Lemos, Rádio Aruanã surgia para mudar a história da comunicação na maior cidade do Araguaia. A população barra-garcense passou a ter uma referencia. As notícias, as músicas, o entretenimento eram propagados nas ondas da Aruanã.

Os ouvintes se encantavam com locutores que vieram de São Paulo e Rio de Janeiro e passaram a falar os nomes das pessoas, bairros, ruas da cidade. Aquilo era impressionante. Imagine, até então a população só ouvia rádio de fora, como Brasil Central e Anhanguera, de Goiânia; Nacional, de Brasília; Globo, do Rio de Janeiro e Bandeirantes e Record, de São Paulo.

Acompanhar nas ondas do rádio fatos e curiosidades da cidade isso mexeu com a população e contribuiu para o progresso do município consequentemente do Vale do Araguaia. Como esquecer de vozes como Ivan Vasconcelos, Maria Floraci e Batista Alves (inclusive esse permanece na ar até hoje). Digno de um reportagem a parte, o 'Tistinha da Alegria' é o locutor com mais tempo no ar no rádio barra-garcense. Precisamente ele estar no ar, há 32 anos

Ele foi contratado pela Rádio Aruanã em 1979 para fazer um programa sertanejo e Batista conta com alegria que ele chegou de avião no aeroporto de Aragarças e rapidamente seguiu para rádio onde foi apresentado aos ouvintes e logo começou a trabalhar e se mantém no ar até hoje com o mesmo carisma e a mesma audiência.

Sua voz poderosa encantou o público. Um grave forte e marcante. Os seus traquejos e jargões fizeram história no rádio local: “Gente amiga, do campo e do sertão”. “Ah, ah, ah... aqui é o Tistinha da Alegria”, entre os outros.

Foram tantos que emprestaram a voz para primeira emissora de rádio de Barra do Garças e alguns já partiram para eternidade como os narradores esportivos José Pedro dos Santos e Oliveira Santos, Argentino Filho, Noel Marques, jornalista Oliveira Santos, colunista Edna Capocci, repórter Aparício Reis e outra voz forte do sertanejo e também noticiário local Jota Soares. Um paulista que conquistou Barra do Garças e deixou milhares de ouvintes na saudade.

Em 1986, a Rádio Aruanã ganhou a sua primeira concorrente, a Rádio Difusora fundada por João Bosco de Aquino Araújo e Antônio Abreu. Com um prefixo ‘baixo’ 720, a Difusora protagonizou uma competição saudável durante anos com Aruanã e caçulinha se modernizou mudando o seu prefixo para 560 e adquiriu um novo transmissor de 10 mil wats para justamente concorrer com o sistema paran de transmissão (quatro torres) de 5 mil wats da Difusora.

A Difusora introduziu novos equipamentos e marcou época misturando profissionais consagrados do país e jovens que estavam surgindo na cidade.

Nomes como Pedro Porto, Wilson Duarte e Valter Pereira (falecidos) fizeram história no radiojornalismo local. Não tem como esquecer a primeira equipe da Difusora que tinha Jota Gonçalves, João Sassioto, Egon Luts e Elizeu Manciolli que aprendeu a fazer rádio em Sinop e voltou como estrela do programa Vôo Livre.

O radialista Pedro Porto abriu as portas da emissora para novos talentos e alguns estão atuando até hoje como Pedro Mesquita, Ronaldo Couto, Paulo Emílio e Reinaldo Silva, o Chocolate.

Outros profissionais tiveram passagens inesquecíveis pelo rádio de Barra como Valdelino Ribeiro, dono de uma das vozes mais bonitas de MT e apresentador da TV Brasil Oeste (TBO). Os narradores esportivos Jaime Ramos, Jurandir Gomes e Cláudio Ramos de jargões como ‘não Cristo, não Santo’ e ‘se for para rede me chama que eu vou’. Cláudio continua em atividade até hoje e está na Rádio Tribo FM. Ele veio de Sinop como grande astro para equipe de esportes da Difusora naquela época.

Esse breve relato não pode esquecer também do apresentador ‘estilo Ratinho’ Paulo Roberto da Costa, ou simplesmente Paulo Roberto que dominou a audiência no rádio e na TV no início da década de 90. Ele veio do Paraná e para onde voltou recentemente está hoje apresentando ‘Boa Tarde Paraná’ na Band.

Paulo Roberto introduziu o ‘jornalismo falado’ em Barra do Garças. Até então tudo era com laudas. Ele criou o programa de jornalismo de duas horas de manhã e depois ajudou abrir os dois primeiros canais de TV da cidade com apoio do falecido deputado José Carlos Martinez: TV Araguaia, hoje TV Centro Oeste, que completará em 2012, 20 anos e a TV Tainá Biú, hoje TV Cidade.

Na linha do jornalismo investigativo e vibrante permanecem no ar hoje profissionais como Antônio Carlos Carvalho, Reinaldo Silva, Ronaldo Couto, Klênia Lima, Sergio Silva, Eurides Filho, Vander Lima, Uendeberg Gomes, Edson Ramos, Otávio Wilquer, Mara Kisner e Adair Alves.

A história do rádio barra-garcense não pára por aí. Outras emissoras surgiram. Hoje, são seis. Vieram as FMs: Gazeta, a primeira de Barra do Garças, instalada pelo Grupo Gazeta, em 2002; Rádio Araguaia, de Aragarças-GO; Rádio Tribo, de Pontal do Araguaia e a Rádio Universitária, de Aragarças-GO.

A Rádio Universitária merece um parágrafo a parte para citar a luta e a insistência que foi para colocar no ar a primeira rádio educativa da região de Barra do Garças, a Rádio Liberdade Universitária fundada e dirigida pelo padre Alberto Mendes Pereira. A emissora chegou a funcionar em 1999 com uma licença provisória que foi cassada por interferência política e os equipamentos apreendidos pela Polícia Federal.

Padre Alberto teve que se esconder para não ser preso e sua emissora ficou na clandestinidade por 10 anos e voltou com força total em 2009. Como ele sempre citou para enfrentar os coronéis em favor do povo.

O rádio de Barra do Garças produziu muitas histórias e fatos ao longo destes 33 anos. Queremos aqui saudar a todos os profissionais do rádio que colocam suas vozes a disposição da comunidade. Quem riem, que choram e cantam todos os dias. Tudo para satisfazer os ouvintes.

Mesmo com a expansão de toda mídia, até mesmo com a internet, o rádio mantém o seu charme e seu valor. Prestador de serviço, companheiro das horas solitárias, um verdadeiro amigo inseparável. Parabéns a todos do rádio.  

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