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13/03/2021 às 10h02min - Atualizada em 13/03/2021 às 10h02min

Veterinária de Barra do Garças se especializa na reprodução de bovino de corte

Araguaia Notícia
A veterinária se prepara para fazer diagnóstico com ultrassonografia


A médica veterinária de Barra do Garças-MT, Cintia Maria Gonçalves Oliveira, 52 anos, se lembra de quando criança dizer que queria ser ‘médica de bicho’. À época, não sabia que o futuro lhe reservaria uma história repleta de desafios e conquistas no mundo da medicina veterinária que ela conseguiu realizar na Barra. 

Natural de Canavieiras, município do estado da Bahia (BA), Cíntia veio junto com a família para Mato Grosso, após o pai, Daphnis Oliveira, ter passado para um concurso de e se mudou para Barra, e em 1977 trouxe Cintia e seus quatro irmãos – três mulheres e um homem -, para a ‘capital’ do Vale do Araguaia. “O fato de ter vindo de uma família de matriarcas, com duas avós e uma mãe de personalidade muito fortes, me ajudou a buscar meus sonhos, independente das barreiras”.

Aliás, sua mãe, dona Nadir Oliveira, teve importante papel na formação de Cintia, que se mirou na força da mãe para conquistar seus objetivos.

Cintia lembra que em 1989, ano em que entrou para a Universidade Federal de Goiás (UFG), o curso de Medicina Veterinária era majoritariamente ocupado por homens. “E assim era no campo: após me formar, me lembro de ser a única mulher trabalhando nas fazendas que atendia”, relata a veterinária.

Ainda na faculdade, Cintia veio a se apaixonar pela bovinocultura, direcionando seus estudos para a reprodução de bovinos de corte. Nesse interim, conheceu seu ex-marido, com quem teve dois filhos. “Hoje a Natália, com 22 anos, faz arquitetura nos Estados Unidos e o mais novo, o Artur, de 18 anos, estuda Administração em São Paulo; e me orgulho de ter passado para eles a importância de estudar, de buscar seus sonhos”.

1ª trabalho

O primeiro trabalho foi como residente do Centro Nacional de Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cenargen) da Embrapa, onde ficou por um ano. Ali, conheceu dois profissionais que se tornariam suas referências: Dr.Assis Roberto De Bem, pioneiro em projetos de pesquisa em biotecnologia; e Rodolfo Rumpf, médico veterinário, pós-doutor em Embriologia Animal e Clonagem Animal.

Nesse Centro foi produzido o primeiro zebu de proveta do mundo, e nele foi realizada a pesquisa que resultou na bezerra Vitória, o primeiro clone animal brasileiro.

Retorno à Barra do Garças

Após a rica bagagem adquirida no Cenargen, Cintia retornou à Barra do Garças, onde iniciou uma brilhante carreira. “Em Barra fundei minha empresa, a Precoce, que prestava assistência veterinária, com o objetivo de levar tecnologia de ponta para a região, e exerci essa função durante 25 anos, atendendo grandes empresas pecuárias, como a Agropecuária Roncador, do grupo Serveng, Carpa Agropecuária e propriedades do Banco Safra e da Rede Globo”.

Atuava com transferência de embrião, fertilização in vitro e congelamento de sêmen e foi pioneira nos protocolos de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) no estado. Na fazenda Roncador atuou por 18 anos, e ali obteve êxito que até hoje ecoa em suas memórias: ao entrar, a fazenda contava com um rebanho de 40 mil cabeças. Ao deixar sua função, a Roncador contabilizava mais de 100 mil. “Foi muito importante trabalhar em empresas pecuárias, que tem uma filosofia de produção diferenciada, são empresas focadas em lucratividade da pecuária e portanto, buscam eficiência”, destaca.

O exercício de uma função de destaque – Cintia era a veterinária-chefe -; fez com que a profissional descobrisse outras capacidades. “Nesse meio, tive que exercer minha liderança, e entendi isso muito cedo; percebi que se uma mulher chegasse com uma postura de chefe para comandar uma equipe formada só por homens, não iria funcionar”.

Gestão de Pessoas

Nascia ali a Cintia gestora de pessoas. “Foi muito importante eu ter trabalhado nesse ambiente, ter vivenciado de perto o trabalho dos peões, estar nos currais com eles, isso fez toda a diferença da minha vida”, ressalta Cintia. Sobre os problemas enfrentados por uma mulher que se envereda num meio dominado por homens, a veterinária recorda de ter passado por situações que exigiram habilidade. “Tive que lidar com piadas sem graça, com assédios mas tudo isso só me fortaleceu”.

Mesmo com o trabalho no campo, exercício que exige muito dos que escolhem essa vida, Cintia não deixou de estudar, cursou especialização e grávida de seu segundo filho, fez seu mestrado na UFG. O mestrado em “Precocidade Sexual de Novilhas Nelore” quase teve que ser interrompido, por conta de problemas na gestação. “Meu filho nasceu prematuro, mas consegui terminar meu mestrado dentro do prazo, assim como todos os outros alunos”.

Para Cintia, era importante mostrar que uma mulher grávida podia exercer suas funções normalmente. “Não queria que falassem coisas do tipo: tá vendo, ela engravidou agora não pode trabalhar”. Uma curiosidade sobre esse período foi uma forma que Cintia encontrou de normalizar a sua gravidez entre os peões, estranhos às particularidades femininas. “Eu fazia, a pedido deles, ultrassonografia na minha barriga para eles verem o bebê”.

Vida de pecuarista

Como se não bastasse ser mãe e veterinária, Cintia assumiu outro desafio: a administração da Fazenda Vale da Serra. “O curral sempre foi o lugar mais feliz do mundo para mim”, diz a baiana.


Cintia hoje atua como diretora da empresa da Vale da Serra

Novos desafios

Há cinco anos Cintia deixou a função de veterinária, por opção, como ela frisa, para assumir um novo desafio. Hoje, a empreendedora é diretora do Grupo Vale da Serra, que comercializa e realiza a entrega de diesel nas fazendas da região do Vale do Araguaia. “Continuo trabalhando com agronegócio”, diz Cintia. E nesse momento da sua vida, nessa ‘2ª fase’, ela resolveu fazer um MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV), para aprimorar seu conhecimento em gestão.

“Está sendo importante ver como foi fundamental trabalhar com pessoas, lidar com os vaqueiros, com os trabalhadores do campo, isso mostrou que tenho facilidade para lidar com gente, para treinar equipes; aqui estou percebendo que sou realmente uma gestora de pessoas”, diz Cintia.

Paralelo ao trabalho que desenvolve na diretoria, Cintia toca outros projetos: realizou um com gado PO, e assim que o finalizou passou a trabalhar com o ciclo completo (cria, recria e engorda). “O trabalho é feito numa fazenda pequena, com mil hectares, onde obtivemos ótimos resultados zootécnicos, e meu objetivo principal é buscar a excelência nesses índices”.

Ali, pode dar continuidade ao que ela diz ser sua maior felicidade: ver a maternidade   e o nascimento de bezerros.

Nós contamos que ela está aprendendo a dirigir rodotrens, aqueles caminhões enormes, compostos por um cavalo mecânico e dois ou mais semirreboques e que ela encontrou um novo hobbie, o ciclismo?



Ao que parece, não há nesse mundo nada que Cintia não possa domar.



Fonte: Assessoria / Acrimat



 
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