16/06/2020 às 18h11min - Atualizada em 16/06/2020 às 18h11min
Mato Grosso já tem 22 índios infectados com coronavírus
Muitos destes contaminados estão na reserva São Marcos da etnia xavante
Eunice Ramos / Tv Centro América
ARAGUAIA NOTÍCIA
Em Mato Grosso já são 22 casos confirmados de Covid-19 entre os indígenas. Na terra indígena São Marcos no município de Barra do Garças-MT, onde ficam os Xavantes, há 19 casos confirmados da doença e uma morte de um bebê de 8 meses na reserva que fica em Água Boa.
Na terra indígena do Xingu, em São Félix do Araguaia, são 3 casos confirmados e a morte de um bebê de 45 dias.
Atualmente vivem em Mato Grosso, 43 povos indígenas. Alguns territórios são afastados e tem pouca estrutura, o que dificulta a comunicação dos casos suspeitos. Neste sábado (13), foi confirmada a morte de um bebê de 45 dias, Salu Kalapalo.
Salu estava em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no município de Água Boa. Foi transferido para Cuiabá por ordem da justiça, mas não resistiu. Foi a primeira morte por Covid-19 nas aldeias da Terra Indígena do Xingu. O avô Vanité, que é cacique da aldeia, e o filho dele já tiveram a doença.
No Xingu está sendo construída um grande oca pra o isolamento de infectados pelo novo Coronavírus e o Quarup, ritual indígena em homenagem aos mortos, foi cancelado.
Essa é a segunda morte de indígenas em Mato Grosso, a primeira também foi de um bebê, mas de 8 meses. Ele vivia na aldeia Marawãitsédé, no município de Alto Boa Vista. A morte foi confirmada no dia 11 de maio deste ano.
A Federação dos povos e Organizações indígenas do estado de Mato Grosso (Fepoi-MT) busca apoio pra levar comida e suprimentos até as aldeias e evitar que os indígenas tenham que ir pra cidade fazer compras. A assessora da Federação, Soyloru Pixuê, conta que o acesso a comunicação é precário em algumas aldeias. “A gente faz o possível, mas às vezes tem essa demora devido à vários fatores de dificuldade pra poder tá chegando até a aldeia. Tem aldeia que é de fácil acesso à comunicação e tem aldeia que não tem de fato os meios tecnológicos pra estar comunicando rápido.”, afirma.
O coordenador geral da Operação Amazônica Nativa (OPAN), Ivan Busatto, conta que é preciso criar estrutura para atender os povos indígenas e implantar ações de prevenção. “É importante que a equipe de saúde possa estar preparada com equipamentos e condições de trabalho. Em segundo lugar, é importante que haja um diálogo muito forte e franco com todas as comunidades indígenas para que elas possam participar da prevenção e dos cuidados necessários, para que não haja problemas maiores nas áreas indígenas de um modo geral”, afirma.
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