A Polícia Civil anunciou que concluiu as investigações sobre o caso de Lilian de Oliveira, de 40 anos, que sumiu após chegar no aeroporto de Goiânia após viagem a Colômbia. De acordo com a corporação, ela foi assassinada, teve o corpo carbonizado e jogado dentro da fornalha de um laticínio, pertencente a um dos suspeitos do crime. Ele e um comparsa estão presos.
A polícia deve dar mais detalhes sobre o caso em uma entrevista coletiva marcada para esta segunda-feira (15).
De acordo com as investigações, o laticínio pertence ao empresário Jucelino Pinto Fonseca, apontado como mandante do crime. Ele teria perdoado uma dívida de R$ 20 mil do amigo Ronaldo Rodrigues Ferreira, desde que ele matasse Lilian.
Conforme a polícia, Juscelino afirmou que manteve um relacionamento extraconjugal com a vítima e que se sentia “feito de bobo” por ela já estar com outro relacionamento. Além disso, o homem alegou que estava sendo chantageado por Lilian.
Anteriormente, o escritório Siffermann e Rocha Advogados Associados, representava os dois presos. Mas no domingo (14), enviou um posicionamento dizendo que faz a defesa somente de Juscelino e que só vai se manifesta após a conclusão da investigação "em respeito ao sigilo decretado nos autos" (veja a íntegra ao final do texto).
Já o agora advogado de Ronaldo, Divino Diogo Leite, disse que quem cometeu o crime foi Jucelino.
"Desorientadamente [ele] falou: 'Cometi uma besteira'. Deu uma marretada na Lilian e depois a jogou na caldeira", afirma.
Segundo polícia, Lilian foi queimada e teve o corpo jogado em fornalha — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Sumiço após viagem Lilian, de 40 anos, desapareceu no dia 13 de fevereiro, após voltar da Colômbia, onde estava morando, e desembarcar em Goiânia. Uma câmera de segurança registrou quando ela entra em um carro. Depois disto, ela não foi mais vista.
Segundo o delegado Thiago Martimiano, Jucelino é casado, mas manteve um relacionamento com Lilian, com quem teve uma filha. Porém, atualmente, ela estava vivendo na Colômbia e estava se relacionando com outro homem.
“O Jucelino mostra um misto de sentimentos. Ele diz que nutria um afeto pela Lilian, mas, nas palavras dele, era feito de bobo, pois estava mantendo a filha e, eventualmente a Lilian, financeiramente, e ela já estava com outra pessoa e isso, nas palavras dele, o magoava muito. Além disso, ele se sentia extorquido e chantageado, pois a Lilian poderia dizer algo para a esposa dele, que não sabia tanto da existência do relacionamento quanto da filha que eles tinham”, contou o delegado.
Diante dessa situação, segundo o delegado, Jucelino pediu a Ronaldo Rodrigues Ferreira que matasse Lilian. “O Ronaldo devia de R$ 20 mil a R$ 30 mil e disse que faria o serviço, resolveria esse problema que o Juscelino narrava que tinha, em troca da quitação da dívida”, disse Martimiano.
Nota da defesa de Jucelino:
O escritório SIFFERMANN E ROCHA, observando o sigilo que ainda recai sobre a investigação do desaparecimento de LILIAN DE OLIVEIRA, faz uso do presente para informar os veículos de informação que:
Na data de 29.05.2020, o escritório SIFFERMANN E ROCHA foi contatado por familiares de J.P.F, para exercer a defesa dos investigados J.P.F e R.R.F.
J.PF. e R.R.F eram conhecidos de longa data, sendo que a família do primeiro, em razão do apreço entre ambos e a hipossuficiência de Ronaldo, consentiu no patrocínio da defesa do último em um primeiro momento.
Essa banca, entrou em contato pessoal com J.P.F no dia 30.05.2020, sendo que o mesmo estava recolhido na Decap de Goiânia desde 28.05.2020.
Na oportunidade, constatou-se que o preso estava machucado, diferente do que apresentava laudo do IML com resultado negativo para qualquer lesão.
Não fosse isso, após acesso a algumas informações, constatou-se que J.P.F fora ouvido por 3 vezes sobre os mesmos fatos, sem a presença de advogado, sendo a última vez em 30.05.2020, apresentando versões diferentes em todas as 3 oportunidades.
Diversamente do que tem sido afirmado pela atividade policial, dando aos suspeitos o etiquetamento de culpados, esta assessoria apenas levou ao juiz responsável pelo caso esses fatos, que foram ratificados pela Comissão de Direitos Humanos (presencialmente) e pela Câmara Municipal de Direitos Humanos de Goiânia, sem apontamento do que teria gerado as lesões no suspeito. A autoridade judicante, ao ficar ciente, determinou novo exame de corpo de delito que foi realizado no dia 02.05.2020 e constatou lesões.
Tal fato exigiu desta assessoria atuação responsável para manutenção da integridade de R.R.F, na ocasião em que este foi recambiado de Buriticupu/MA para Goiânia/GO.
Mantivemos contínuo contato com a delegacia de Buriticupu, bem como com a unidade prisional de Açailândia, acompanhando todo o trânsito de R.R.F para Goiânia. Como as informações não eram detalhadas, definimos que importaria fazer campana junto a Delegacia, naquela data, supondo que o suspeito havia se deslocado do Maranhão ainda na parte da manhã.
Outrossim, tomamos o cuidado de providenciar a presença de familiar durante a chegada de R.R.F em Goiânia, para que este sentisse seguro e pudesse solicitar roupas, produtos de higiene, razão pela qual contatamos o advogado Divino Diogo (primo de Ronaldo).
Após a chegada de R.R.F, o mesmo foi conduzido ao IML, sendo acompanhado pela equipe do escritório e pelo seu primo.
Em seguida, foi levado a Delegacia onde requeremos acesso imediato ao preso, que inicialmente fora negado pela autoridade policial, forçando-nos a entrar em contato com o órgão de prerrogativas da OAB/GO para que finalmente nos fosse oportunizado contato.
O receio era que se concretizasse sobre Ronaldo as suspeitas do que teria ocorrido sobre Jucelino, sendo, portanto, uma medida preventiva. A atuação nos levou a falarmos com o suspeito, acesso, inclusive franqueado ao Advogado, primo do suspeito, Diogo.
R.R.F ficara calado no seu primeiro interrogatório realizado em 05.06.2020, diligência que contou com a presença do Dr. Divino, advogado que seguia a nossa orientação técnica.
Por derradeiro, após entregar substabelecimento ao Dr. Divino, para que este pudesse ter acesso ao primo e nos auxiliar com as visitas ao preso, uma série de eventos (como questões contratuais e linha técnica adotada por cada advogado) implicou na retirada do escritório em relação a representação de R.R.F.
Não se sabe, por qual razão fora marcado novo interrogatório, uma vez que Ronaldo, desde o princípio, manifestou interesse em fazer uso do silêncio.
Em relação ao questionamento apresentado pelo G1, a respeito das declarações prestadas po R.R.F, necessárias as seguintes considerações:
1) há contradições nebulosas nas primeiras informações disponibilizadas. De início, R.R.F ficou calado e logo após, tenta atribuir culpa exclusiva a J.P.F;
2) não fora disponibilizada a defesa de J.P.F as declarações de Ronaldo prestadas no dia 12.06.2020, fato que ensejou, inclusive, tomada de medida judicial pendente de apreciação pelo plantão judiciário;
3) a defesa atual de R.R.F é realizada, exclusivamente, pelo advogado Divino Diogo, sendo que o escritório não se responsabiliza e não corrobora com as declarações prestadas a mídia no dia 12.06.2020, sobre um processo sigiloso;
4) em respeito ao sigilo decretado nos autos, a defesa de J.P.F aguarda a conclusão da investigação, o amplo acesso a toda documentação, para só então divulgar a versão que condiz com a verdade, pontuando todas as contradições apresentadas pelo investigado R.R.F.
Na oportunidade, nos colocamos a disposição.