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09/03/2020 às 11h48min - Atualizada em 09/03/2020 às 11h48min

Cuiabana larga tudo para ser hippie

Agua Boa News
ARAGUAIA NOTÍCIA



Você já sonhou em ter uma vida diferente? Já sonhou em viver viajando? A história de uma cuiabana na estrada começou com o sonho em comum de muitos brasileiros: conhecer pessoas e lugares diferentes.
 
Vinda de família pobre, Brunna Florêncio, de 26 anos, nascida e criada em Cuiabá, estudava no centro da cidade quando decidiu que queria viver o oposto do que havia vivido até então e que iria explorar o mundo e conhecer ela mesma. 
 
“Nos meus últimos anos do colegial, eu estudava no centro. Depois da aula, às vezes passava pela Praça da República e ao ver os hippies, os malucos de estrada, eu sentia uma leve inveja pela liberdade, por estarem normalmente aonde querem estar e decidi então que um dia minha vida seria assim, só não sabia como”, conta.

Tudo começou há 7 anos. Brunna já estava para terminar um curso de Tecnólogo em Paisagismo quando conheceu Elenilson Alves, que a chamou para “dar um rolê” e, desde então, estão juntos e conheceram mais de 100 cidades em 10 estados do Brasil. “Eu parei de contar quantas cidades eu conheci... Tantas cidades que nem nos meus sonhos mais profundos eu poderia criar. Ainda não fui para o exterior, antes de conhecer fora, quero conhecer o país que ‘me pariu’. Quero conhecer mais da minha gente”, resume.
 
Por conta do número de bagagens que o casal leva, fica difícil arranjar carona, sendo assim, muitas das suas viagens são feitas de ônibus. Para facilitar a vida, ficaram quase um ano parados para conseguir habilitação. “Felizmente conseguimos um carro também. Ainda precisa de muita manutenção, mas devagar a gente chega lá!” comemora.

Brunna conta que sua vida “mudou mil vezes para melhor”. Porém, ela também cita sobre os diversos preconceitos que ela lida por ter escolhido viver viajando. “Eu me sinto muito julgada sim. Mas quem não é? Costumam dizer que sou usuária de todo tipo de drogas, que não tomo banho, que abandonei a família, que não tenho valor algum... Já me negaram atendimento numa lanchonete, já me negaram estadia num hotel sendo que eu ia pagar. Já apontaram o dedo dizendo que não tomamos banho, que meu cabelo é nojento, já me seguiram em lojas/supermercados”.

Além das adversidades que passa em consequência do preconceito alheio, ela também enfrenta a falta de segurança e infraestrutura.Além disso, existe o mercado de cada local, o que influencia totalmente nas vendas e na forma de viver em cada cidade.



“Parece tudo simples, mas não é! Tem lugares que nem pagando a gente consegue um banho fácil e decente. Minha prioridade é essa, e essa é uma das partes que mais considero chata, porque raramente durmo num hotel. Então, procuro armar a minha barraca num lugar ‘seguro’. E a gente nunca dorme totalmente. É sempre um olho aberto e outro fechado. Fora o fato de aprender a ter cautela com tudo o que falamos, já que estamos na rua e não podemos vacilar”, relata.Antes de pegar a estrada, Brunna procurou aprender com Elenilson a fazer artesanatos, como brincos, colares e pulseiras, enfim, aprendeu o básico. Durante as viagens, ela consegue materiais, aprende e cria novas técnicas.

“Eu gosto muito da minha profissão. Tenho um enorme prazer em criar. Cada peça é feita com muita dedicação, amor e carinho. Sempre penso no olhar de cada cliente; no brilho nos olhos. Nos sentimentos que posso causar nas pessoas ao olharem as minhas peças”, conta a artesã.

Todas as peças à venda são feitas à mão por ela e seu companheiro e apesar de todo carinho e esforço na confecção, ela enfrenta a falta de valorização por parte dos consumidores. “Muita gente não considera o que eu faço uma profissão.Se eu fosse uma designer de joias, trabalhasse numa loja, ninguém me veria dessa forma. O brasileiro é acostumado com a mão de obra barata, com o trabalho escravo, por isso tem dificuldade em valorizar qualquer trabalho artesanal.” 

Com todas as dificuldades e delícias de sua vida, Brunna conta sua história de forma feliz e orgulhosa. “Já fui muito elogiada também. Já teve gente me dizendo que meus trabalhos são coisas de boutique. Fico feliz demais! Foi escolha minha viver assim. Não gosto de sentimentos de pena. Não me arrependo. Eu gosto de cada dia estar num lugar, apesar das dificuldades”.

Para aumentar seu número de vendas, Brunna criou a página Caldeirão da Arte, onde posta seus trabalhos e os envia para o Brasil todo. Confira a loja na íntegra: 

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