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13/02/2020 às 11h14min - Atualizada em 13/02/2020 às 11h14min

Filme ‘Democracia em vertigem’ tem diretora brasileira e é indicado ao Oscar 2020

Indicação amplia representatividade no cinema brasileiro

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Nos últimos sete anos, o Brasil passou por profundas transformações. Em um curto espaço de tempo, três presidentes se alternaram no poder, com um processo de impeachment e uma eleição atribulada. Toda essa movimentação foi registrada de perto pela cineasta Petra Costa, que mostrou os bastidores desse processo histórico.
 
Os detalhes foram contados com riqueza no documentário Democracia em Vertigem, produzido pela Netflix e que rendeu a Costa uma indicação ao Oscar, como melhor filme do gênero, reforçando o poder feminino no cinema brasileiro.
 
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a cineasta explicou que o título da obra expressou seus próprios sentimentos em relação ao contexto político pelo qual o país passava. “Vertigem era o que eu sentia desde o início. Fui motivada para fazer esse filme pela náusea”, afirmou Costa.
 
Nascida numa família de cineastas, a autora decidiu por uma narrativa em primeira pessoa, com base na sua experiência pessoal diante dos fatos — opção que gerou críticas de parte dos espectadores.
 
A obra da cineasta
 
O primeiro filme dirigido por Costa — a cineasta já atuava no setor desde os 15 anos, como atriz — foi Olhos de Ressaca, ainda em 2009. A obra aborda a história de seus avós a partir de imagens de arquivo da família.
 
O filme foi premiado como Melhor Curta no Rio de Janeiro International Film Festival e como Melhor Curta no London International Documentary Festival, em 2011. Em 2012, a cineasta estreia seu primeiro longa-metragem, Elena.
 
Mais uma vez, o tom intimista permeia a obra, que conta a história da irmã de Costa em busca do sonho de ser atriz em Nova York. O filme concorreu a inúmeros prêmios, entre eles o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
 
O estilo narrativo em primeira pessoa e baseado em suas próprias experiências se consolidou em 2015, quando Costa lançou O Olmo e a Gaivota. Nele, a cineasta acompanha a trajetória de uma atriz em meio à gravidez, o que a afasta dos ensaios da peça em que estava atuando.
 
O filme também recebeu diversos prêmios, sobretudo pela delicadeza com que Petra Costa conseguiu abordar o complexo processo da gestação de sua personagem, num olhar feminino que só uma mulher poderia ter.
 
Representatividade
 
As conquistas de Petra Costa como cineasta ganham peso e importância em uma sociedade dominada por homens e, na qual, até a década de 1960, a mulher era retratada de forma subalterna pelas lentes do cinema.
 
De acordo com uma pesquisada realizada pelo Geena Davis Institute on Gender in Media, em parceria com a ONU Mulheres e a Fundação Rockefeller, apenas 30,9% dos personagens falantes ou nomeados em filmes são do sexo feminino. Nos filmes de ação ou aventura, esse percentual é ainda menor: 23%. Entre os protagonistas, apenas 23,3% são mulheres.
 
Um outro estudo, da San Diego State University, publicado em 2016, apontou que apenas 22% dos protagonistas dos 100 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2015 eram mulheres.
 
O estudo avaliou 2,5 mil personagens. Na Universidade do Sul da Califórnia, a pesquisadora Stacy L. Smith constatou que apenas 11% de 700 filmes e 30.835 personagens analisados possuíam elenco equilibrado, com mulheres assumindo papéis de destaque.
 
Com uma indústria cinematográfica tão centrada no universo masculino, as conquistas de Petra Costa e de Democracia em Vertigem ganham uma dimensão ainda maior: consolidam o poder feminino no cinema brasileiro e dão mais um passo para a emancipação feminina rumo à igualdade de gênero.

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