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11/07/2019 às 07h22min - Atualizada em 11/07/2019 às 07h22min

Mulher supera agressões e se torna símbolo de determinação

Keka Werneck / RDNEWS
ARAGUAIA NOTÍCIA


Em apenas um ano e meio, a ex-bancária e agora personal trainer Mel di Pietro, de 30 anos, saiu da condição de mulher agredida pelo namorado até quase a morte e assumiu as rédeas da própria vida. A foto dela com o rosto cheio de hematomas e inchado, em contraste com outra atual, revela a transformação pela qual passou e agora, refeita, recomenda a outras vítimas que não aceitem violência e nem se calem.

Mel é de Rondonópolis (a 212 km de Cuiabá), mas morou 7 anos em Itajaí (SC), para onde se mudou, com a intenção de estudar e trabalhar, mudar de vida, conhecer pessoas. Sentia-se como um robô e queria dar uma sacodida na rotina. Em Itajaí, começou a trabalhar como bancária e se casou. Cinco anos depois, o relacionamento acabou. Já estava separada há 1 ano, quando, em uma festa de amigos em comum, conheceu o rapaz que seria seu namorado.

O agressor identificado, a pedido dela, apenas pelas iniciais D.A.S., é um ano mais novo, bonito, másculo e trabalha como segurança, tendo sido lutador. Apesar do porte forte, parecia, a princípio, uma pessoa fofa. Chegou a fazer a formalidade de pedir a mão dela em namoro à mãe. “Me tratava como uma princesa”, relembra.

O namoro engrenou rápido assim como as agressões verbais. Já na terceira semana, as cenas de ciúmes começaram. “Deixava ele falar, porque sou muito tranquila, gostava muito dele, mas a situação foi piorando, todo dia tinha um showzinho de ciúmes, gritos, pegava meu celular, chegou a pegar forte em meu pulso. Fora as agressões verbais pelas redes sociais, no Whats. Se a gente estava em uma festa, logo achava que eu estava olhando para alguém. Se eu saísse com o pessoal da empresa, queria saber por que estava demorando tanto, era assim o tempo todo”.

A gota d´água foi uma briga em casa. A gente discutiu e ele me segurou a força, quebrou meu celular e a sorte é que minha mãe estava em casa, colocamos ele para fora e terminei o namoro”, relata. Um namoro relâmpago de 3 meses.

Após o ocorrido, ambos foram para a mesma festa de final de ano, e ficaram juntos. “Gostava mesmo muito dele e teve um flash back”, explica. Acontece que, mesmo assim, ela não queria seguir no relacionamento, via risco de novas violências. Ele ficou insistindo até que Mel foi conversar com ele pessoalmente.  “Expliquei que realmente não queria mais e foi aí que não quis aceitar. O flash back fez ele imaginar que poderíamos namorar de novo e não dava mais mesmo”.

Eles estavam na fila do drive tru do Drive Thru McDonald's. O agressor insistia em reatar e começou a gritar e estapear Mel. Ela tentou desdece do carro. Ele a segurou pelo cabelo, arrancou o carro, em alta velocidade e foi para o apartamento dele. A vítima não queria entrar, mas entrou empurrada no elevador. “Na minha cabeça se passava o seguinte. Pensava assim, se eu sair correndo ele me mata, se eu for até o apartamento dele, quem sabe ele se acalma”.

Que nada. Assim que a porta se fechou atrás de Mel e o ex, começou a sessão de tortura. “Ele me deu muito soco na cabeça e no rosto e dizia a todo tempo que ia me matar. Ele mora em um apartamento no 12º andar e dizia que ia me jogar pela janela. Dizia assim: não desmaia não, porque se você desmaiar vou te jogar no rio. Eu chorava, pedia para ele prestar atenção no que estava fazendo, isso foi por cerca de 40 minutos”, detalha.

Mel não sabe como sobreviveu. “Foi Deus. De repente ele colocou a mão na cabeça, olhou para mim e falou que amava, mas que ia fugir senão seria preso”.

Quando o agressor saiu, a vítima chamou a Polícia Militar. Tinha hematomas e sangue no corpo. Psicologicamente, estava ainda mais machucada. Entrou em depressão profunda, beber e cheirar cocaína. Foi demitida do emprego, só ficava deitada no sofá, tinha crises de ansiedade. Alega que sentiu uma dor emocional muito forte e as drogas foram o recurso para buscar o alívio.

“Piorava a situação o fato dele ter me difamado, inventou que o traía, o que nunca aconteceu, e que eu era prostituta. Porém, mesmo se fosse verdade, isso não justifica a pancadaria”, pontua.

Mel só começou a melhorar quando decidiu voltar para Rondonópolis, para perto da mãe e familiares, amigos que a conhecem desde criança. “Mudei de volta porque temi que ele me matasse ou eu mesma com essa rotina. Fiz o curso que queria, sou personal treiner e estou super bem, ninguém deve aceitar violência”.

O ex-namorado dela foi indiciado, no inquérito policial, e responde uma ação criminal, que tramita em Itajaí. O caso de Mel inspirou uma rede de ajuda, a Supere-se. Conduzida pela advogada Sirlei Theis, a intenção é unir mulheres de todo o país que também conseguiram sair dessa condição de "saco de pancadas".

"Eu ja vinha ajudando mulheres que me procuravam através das mídias sociais. Chegou uma hora que não conseguia atender a todas. Então, criei um grupo de mentoria online, onde participam mulheres de várias partes do país", explica. O telefone para contato com a rede é (65) 98151-4343.
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