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12/02/2019 às 06h21min - Atualizada em 12/02/2019 às 06h21min

Conselho indigenista teme que deputado Barbudo esteja incentivando fazendeiros a invadir terra indígena em MT

Na internet, o deputado do PSL chama a retirada dos invasores de "crime contra quem produzia e gerava renda".

André Souza, G1 MT
Araguaia Notícia


Índios da etnia Xavante que retornaram à Terra Indígena Marãiwatsédé, na região do Xingu, em Mato Grosso, em 2013, após reintegração de posse cumprida com o apoio da Polícia Federal, podem ser alvos de uma nova invasão de fazendeiros depois de conseguirem a posse definitiva do território, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

O ataque, de acordo com a instituição, seria organizado pelo deputado federal eleito Nelson Barbudo, do PSL. Ao G1, o deputado negou que tenha a intenção de invadir a terra.

“Tenho nojo de invasão de terra e tenho nojo de proprietários que invadam terras indígenas. Sou a favor de que haja um processo legal em todas as ações que envolvam esses assuntos”, declarou.

A TI de mais de 165,2 mil hectares fica entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Félix do Araguaia. A área foi alvo de um processo de desintrusão há cinco anos após uma disputa judicial entre produtores rurais e a Fundação Nacional do Índio (Funai), que representa os índios.

À época, os posseiros foram obrigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a deixarem a área, devolvida posteriormente aos índios.

Recentemente, entretanto, Nelson Barbudo teria declarado apoio a uma nova invasão à TI “para devolvê-la” aos posseiros e fazendeiros expulsos do território indígena, segundo o Cimi.

Nelson Barbudo (PSL) foi o candidato a deputado federal por MT mais bem votado  — Foto: Facebook/ Reprodução

Nelson Barbudo (PSL) foi o candidato a deputado federal por MT mais bem votado — Foto: Facebook/ Reprodução

Em um vídeo publicado na internet, o deputado eleito classifica como crime a retirada dos agricultores. “Isso foi um crime que cometeram contra aqueles que produziam e geravam renda”, declara.

Em nota, o Ministério Público Federal em Mato Grosso (MPF-MT), principal articulador da desocupação, afirmou que qualquer ataque ou tentativa de invasão “receberá respostas enérgicas e eficazes”.

A história de ocupação irregular e desintrusão é contada no documentário 'Marãiwatsédé: o resgate da terra'. O longa ouve índios que sobreviveram ao processo e relembram o que viveram.

O filme registra depoimentos emocionantes de quem presenciou as mortes, a violência e o desrespeito à cultura e às tradições do povo Xavante.

Processo de desintrução teve confronto entre produtores e polícia — Foto: Reprodução/TVCA

Processo de desintrução teve confronto entre produtores e polícia — Foto: Reprodução/TVCA

Ocupação e remoção

De acordo com a Funai, o povo Xavante ocupa a área Marãiwatsédé desde a década de 1960.

A remoção forçada deles ocorreu em 1966 após a associação entre órgãos do governo federal e fazendeiros durante a ditadura militar. Nessa época, a Agropecuária Suiá-Missú instalou-se na região.

No final da década, os índios foram transferidos para a Terra Indígena São Marcos, na região sul de Mato Grosso, e lá permaneceram por cerca de 40 anos.

À época, 1/3 da população morreu como resultado da remoção.

O processo de retirada dos posseiros foi marcada por confrontos entre policiais e não-índios.

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