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07/06/2018 às 23h48min - Atualizada em 07/06/2018 às 23h48min

Médico, que fez 1º atendimento a bebê enterrada viva, faz desabafo e reclama de hospital em rede social

Segundo o médico, hospital precisa de mais profissionais. Prefeitura explica que a unidade está ampliando as instalações e os recursos para atender aos moradores.

G1 MT - Água Boa News
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O médico Thiago Bitencourt que fez o primeiro atendimento à índia recém-nascida que foi enterrada viva, em Canarana, a 838 km de Cuiabá, na terça-feira (5), fez um desabafo ao compartilhar uma publicação no Facebook e reclamou das dificuldades enfrentadas pelo hospital público do município.
 
Por meio de nota, a prefeitura informou que, apesar das dificuldades, o Hospital Municipal de Canarana mantém os serviços funcionando 24 horas. E, mesmo com uma estrutura pequena, consegue atender cirurgias simples, partos e cesarianas, além do atendimendo básico.
 
Ao G1, ele contou que, junto com uma equipe de composta por um enfermeira e quatro técnicos de enfermagem, teve que atender a três casos graves na noite de terça, incluindo o bebê indígena.
 
"Foram casos complicados: uma vítima de câncer, o bebê e um baleado. Felizmente, conseguimos atender a todos, embora o idoso tenha falecido em decorrência do câncer. Mas, se a equipe fosse maior, conseguiríamos atender com mais qualidade", disse ele.
 
O médico relatou que o hospital não tem recursos para exames de imagens e cirurgias, sendo assim, os casos mais graves são encaminhados para Água Boa, a 736 km de Cuiabá e a 85 km de Canarana, respectivamente.
 
Hospital mantido com recursos do município funciona 24h (Foto: Arquivo Pessoal)

Hospital mantido com recursos do município funciona 24h (Foto: Arquivo Pessoal)

Hospital mantido com recursos do município funciona 24h (Foto: Arquivo Pessoal) 
 
Foi o que aconteceu com o bebê. Ao constatar que a criança tinha uma fratura no crânio, ele comunicou o Hospital Regional de Água Boa e fez as recomendações necessárias.
 
"O hospital é bom e dentro do possível, faz de tudo para atender, mas nossos recursos são mínimos, tanto que só fazemos cesariana e cirurgias de hérnia simples, os demais casos são todos encaminhados para o Regional", afirmou.
 
Segundo ele, o Hospital Municipal conta com seis médicos plantonistas, clínicos geral e 18 leitos para atender uma população de 18 mil habitantes, mais os moradores das cidades vizinhas.
 
"Durante um plantão de 12 horas, a gente chega a fazer 30 atendimentos. Aos finais de semana, esse número dobra", relatou.
 
De acordo com o secretário municipal de Saúde, Ruberlan Rezende, a prefeitura está investindo em uma unidade nova, maior e que vai possibilitar a ampliação dos serviços oferecidos pelo hospital.
 
"Investimos na estrutura para melhorar os atendimentos. Adquirimos mesas e toda a aparelhagem para cirurgia, equipamentos de ultrassonografia, endoscopia, raio-X e mais duas ambulâncias, na tentativa de não precisarmos sair daqui para fazer exames, já que estamos tão distantes das unidades maiores e com mais recursos", explicou.
 
Atendimento ao bebê
 
Thiago relatou que a índia recém-nascida chegou ao hospital com um quadro grave de hipotermia e muita dificuldade para respirar, devido à inalação de areia.
 
"Ela estava tão "gelada", que, se demorássemos mais um pouco, ela morreria. Colocamos a criança na incubadora, demos comida e conseguimos estabilizar o quadro clínico", contou.
 
Bebê chegou ao hospital de Canarana com hipotermia e dificuldades para respirar (Foto: PM-MT)
 
No entanto, o médico identificou uma fratura no crânio e fez o encaminhamento para o que o bebê fosse transferido para Água Boa, no mesmo dia.
 
Na quarta-feira (6), a menina foi levada para Cuiabá e, segundo o médico Ulisses do Prado, a criança que pesa 2.420 kg, está em estado grave, porém estável. Ela apresentou sangramento e passou por exames.
 
Parto
 
A mãe da criança, de 15 anos, sentiu contrações e deu à luz no banheiro da casa. O bebê teria batido a cabeça no chão e não teve reação após o nascimento, segundo a família.
 
A história foi descoberta após uma denúncia anônima feita na Polícia Militar. A mãe da adolescente e a mãe do bebê foram ouvidas na delegacia e liberadas.
 
A bisavó, Kutsamin Kamayura, de 57 anos, foi ouvida e alegou que a criança não chorou e, por isso, acreditou que estivesse morta.
 
Seguindo o costume da comunidade indígena, ela enterrou o corpo no quintal, sem comunicar os órgãos oficiais.
 
A Polícia Civil estima que a criança ficou enterrada por seis horas – entre as 14h e 20h de terça-feira, em uma cova de 50 centímetros de profundidade.
 
A bisavó da índia teve a prisão convertida em preventiva depois de passar por audiência de custódia nesta quarta-feira.

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