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24/04/2018 às 07h29min - Atualizada em 24/04/2018 às 07h29min

Polícia Civil instaura inquérito para apurar "venda" de vagas em cemitério de Barra do Garças

Tem uma música famosa que fala 'tem que pagar para nascer, tem que pagar para viver e tem que pagar para morrer", pois é em Barra do Garças além de pagar o funeral, famílias estão sendo extorquidas na hora de enterrar os ente-queridos. A denúncia foi encaminhada pela prefeitura e o inquérito foi aberto pela Polícia Civil. Acompanhe detalhes na reportagem do 'brilhante' repórter Francis Amorim, do site Rd News.

Francis Amorim / RDNews
Araguaia Notícia
Denúncias de um suposto comércio de espaços no cemitério Nossa Senhora das Graças, em Barra do Garças, estão sendo investigadas pela 1ª Delegacia da Polícia Civil. A peça foi instaurada a pedido da Prefeitura depois de insinuações de que restos mortais estavam sendo removidos para novos enterros. O cemitério está com a capacidade de sepultamento esgotada e essa seria a única forma de abrir "novas" vagas. 

De acordo com o delegado Adriano Alencar, que preside o inquérito, o memorial está na fase de diligências, oitivas e perícia. Ele ressaltou que não há registro de denúncias feitas por familiares na delegacia. "Estamos realizando os procedimentos investigatórios para verificar se os fatos procedem. Por enquanto não podemos declinar o que foi apurado para não atrapalhar o andamento dos trabalhos", disse. 

A abertura de inquérito partiu depois de vários fatos que teriam ocorrido no cemitério e pela postagens em redes sociais de fotos de ossos supostamente retirados do local. A Câmara também solicitou da prefeitura medidas para apurar as denúncias que também chegaram aos vereadores. 

Medidas 

Além de solicitar a abertura de inquérito policial, a prefeitura criou um órgão específico para cuidar dessa área: a Coordenadoria de Fiscalização e Postura do Solo, órgãos vinculado à secretaria de Urbanismo e Paisagismo, que terá como objetivo, fiscalizar os dois cemitérios públicos existentes na cidade e a Casa de Velório, espaço destinado para que as famílias possam velar seus entes queridos. O órgão será coordenador pelo sargento aposentado da Polícia Militar, Valdecy Francisco da Silva. 

Embora a Polícia Civil não tenha citado nomes, o administrador do cemitério, Valdivino Alves Nerys já foi ouvido no inquérito e negou a existência de qualquer tipo de comércio ou a remoção de ossos para a abertura de espaços para novos sepultamentos. Botinho, como é conhecido, também negou ao #RDNews. 

Segundo ele, o que está ocorrendo é um ato de perseguição. "Estou há 30 anos no cemitério e sempre foi alvo desse tipo de denúncia. É tudo mentira. O cemitério já passou por fiscalização e lá você não encontra sequer uma asa de caixão velho, algo que é comum em cemitérios antigos. Quem quiser pode entrar na área e verificar. O que querem é me tirar de lá", respondeu. 

O administrador desmentiu também denúncias de venda de espaços no cemitério. “O que ocorre são cobranças de pedreiros com autorização dos familiares para a construção dos jazigos ou lajes nos dois cemitérios. Isso é normal, pois, a opção é dos próprios parentes. Jamais houve cobrança para garantir espaços com a retirada de quem já foi sepultado. É ilegal e estaria infringindo a lei”, se defende. 

Procedimento

 O administrador revelou que existe um procedimento normal no cemitério que é a remoção de restos mortais a pedidos de famílias para o sepultamento de outro parente no jazigo familiar. "Isso ocorre em qualquer cemitério. Os restos são removidos da urna, colocado em um recipiente plástico e deixado no túmulo, enquanto os materiais como a madeira e vestes são incinerados. Mas, jamais deixados a céu aberto", disse. 

Um senhor de 61 anos, que visitava o túmulo do filho sepultado no cemitério há pouco mais de dois anos, disse ao #RDNews ter avistado restos mortais depositados em um saco plástico, porém, afirmou que o fato tinha o conhecimento de um parente que ‘teria’ autorizado o ato para que abrisse uma vaga no jazigo da família para o sepultamento de outro membro da família. 

“Até que ponto é certo ou errado, eu não sei. Só achei estranho, mas como tinha sido a pedido desse parente, não levei em consideração. Acho que tudo deve ser investigado”, disse o visitante, que preferiu não ser identificado. 

Túmulos destruídos 

Além das denúncias em fase de apuração, o que chama à atenção é a grande quantidade de túmulos praticamente à céu aberto no cemitério. Botinha justifica que o município não é autorizado a promover reformas nas lajes danificadas. Segundo ele, cabe a prefeitura zelar pela limpeza geral. 

“A conservação dos túmulos cabe as famílias. Nos meses que antecedem ao Dia de Finados, alertamos para a necessidade de realizar reparos em vários jazigos, no entanto, poucos atendem aos pedidos. Os que são sendo cuidados estão em ótimo estado. Infelizmente, os que não são apresentam danos e de quem é a culpa? Do município não é”, afirmou. 

Fiscalização

 O novo coordenador de Fiscalização e Postura do Solo, Valdecy Francisco ressaltou que desconhece denúncias de remoção de ossos no cemitério central para o comércio de espaços, porém, prometeu uma fiscalização rígida para que fatos dessa natureza não venha a ocorrer. “Estamos assumindo com a finalidade de fiscalizar e fazer cumprir a lei. Afinal, o cemitério é a última morada do ser humano e exige que haja respeito com aqueles que partiram para outro plano”, disse. 

Além do cemitério Nossa Senhora das Graças, Barra do Garças possui ainda o cemitério Jardim Nova Barra, localizado no bairro do mesmo nome, que já está com sua capacidade já quase esgotada e medidas já estão sendo tomadas para a sua ampliação. 

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