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18/04/2018 às 11h22min - Atualizada em 18/04/2018 às 11h22min

Projeto envolve profissionais voluntários e retira crianças de situação vulnerável

Iniciativa entra no terceiro ano e tem mais de 300 crianças e adolescentes matriculadas

Raquel Teixeira e Fernanda Nazário | Sejudh - MT
Araguaia Notícia
Da mobilização de agentes penitenciários e o voluntariado de dezenas de profissionais da cidade de Campo Novo do Parecis nasceu há três anos um dos melhores exemplos de ação social em Mato Grosso, o projeto Agente Mirim que atende atualmente mais de 300 crianças e adolescentes do município. Com atividades sociais, esportivas e de orientação, a iniciativa colabora para retirar de situações de vulnerabilidade social um público na faixa etária de 8 a 17 anos e ainda encaminha os mais velhos do grupo para o mercado de trabalho.

Guilherme Sanches Moresco tem 17 anos e conseguiu seu primeiro emprego, como menor aprendiz, no almoxarifado de uma empresa de agronegócio. O adolescente está projeto desde o início, em 2016, e de lá pra cá afirma que todas as atividades desenvolvidas o ajudaram a se tornar uma pessoa melhor, a ter um comportamento mais equilibrado. “Participar do projeto é muito bom, minha mãe me ajudou e hoje eu a ajudo. Aqui no projeto descobri que quero fazer a ESA (Escola de Sargento das Armas) e depois fazer enfermagem”, afirma o jovem que no projeto exerce uma atividade de liderança entre os novatos, ele é um dos ‘xerifes’ da turma.

A proposta do projeto Agente Mirim é levar noções de disciplina, respeito e atitudes cívicas por meio de palestras, ações sociais, oficinas, esportes e atividades musicais. Cada edição dura 10 meses e ao final os alunos participam de dois acampamentos: O Braço Forte, onde em três dias os participantes colocam em prática o que aprenderam durante as aulas. No local eles fazem trilha, tirolesa, camuflagem e primeiros socorros. Já o Acampagem, que também tem a duração de três dias, é onde ocorre a formatura e os pais participam. 

O idealizador do projeto, agente penitenciário Fábio Aguiar, trouxe da sua experiência numa missão humanitária no Haiti a inspiração para a proposta. “Vi que muitos jovens e adolescentes estavam envolvidos com a criminalidade e muitas vezes, após passar pelo processo de ressocialização, eles continuavam no círculo vicioso. Então, tive a ideia de desenvolver um projeto de prevenção, onde trabalhamos a disciplina e construção de caráter para evitar a inclusão de pessoas tão jovens no crime”.

O secretário adjunto de Administração Penitenciária da Sejudh, Emanoel Flores, destaca o empenho dos agentes penitenciários no projeto social. "Uma iniciativa brilhante em que os agentes se uniram para colaborar com a instrução de dezenas de crianças, que têm uma oportunidade de não ficar nas ruas expostas a situações de risco". 

Turma iniciante na edição de 2018

O jovem Ronyson Silva, 15 anos, está há três anos no projeto e diz com um largo sorriso que desenvolver as atividades o levaram a se destacar como um dos líderes da turma e o ajudaram a ser uma pessoa mais extrovertida. “Era uma pessoa muita quieta, não gostava de conversar com ninguém. O Agente Mirim me ajudou muito, me ensinou a ter mais respeito com as pessoas, com minha mãe”, afirma o adolescente que tem o sonho de entrar para a Escola de Cadetes do Exército.

Voluntariado

Márcio Almeida é um dos instrutores voluntários do Agente Mirim. Ele conheceu o projeto em 2016 quando levou a filha para participar. Desde então se apaixonou pela iniciativa e dedica seus finais de semana, junto com a equipe de voluntários, a orientar o público infanto-juvenil. “Eu costumo dizer que aqui todos aprendemos. Não ensinamos apenas, todos os dias um aprende com o outro. É muito gratificante ver dezenas de crianças nessas atividades, evitando que as mesmas estejam na rua correndo risco de cair na criminalidade. O benefício aqui é para toda a família”, afirma o instrutor.

São prioritários no projeto os filhos de recuperandos, quem vêm indicados pelo Conselho Tutelar da cidade e também de quem já tem irmãos inscritos. Integram o grupo ainda crianças da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a novidade deste ano é a inclusão de crianças indígenas e de idosos.

O apoio dos voluntários é fundamental para as atividades do projeto, que não tem fins lucrativos e conta com doações da sociedade.

Além de agentes penitenciários que atuam no projeto nos momentos de folga, outros profissionais da cidade também trabalham como voluntários, como médico, psicopedagogo, professores, assistente social. Eles colaboram desenvolvendo exercícios, ofertando material e auxiliando os agentes a darem instruções aos alunos.

Família

Fábio Aguiar destaca que o compromisso das famílias é outra parte importante para o sucesso das atividades, acrescentando que o projeto colabora com a formação das crianças e adolescentes, mas que não pode ser o responsável exclusivo pela formação de caráter de cada um.

Todos os pais dos participantes assinam um termo de compromisso de responsabilidade ao inscreverem seus filhos. No termo, é esclarecido que os responsáveis pelos pequenos precisam participar de uma reunião por mês com a equipe do projeto, caso não cumpra, os filhos correm o risco de não continuarem no projeto. A cada início da edição, as famílias participam de uma palestra informativa com a equipe do projeto. Ao final do ano também integram as atividades de acampamento, para promover interação entre pais e filhos.

A abertura do projeto este ano ocorreu no sábado (14.04) e contou com a participação de equipes das unidades prisionais de Sinop, Barra do Garças, Nova Mutum, Nobres, Água Boa, além de autoridades do município e apoiadores do Agente Mirim.

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