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02/02/2018 às 19h34min - Atualizada em 02/02/2018 às 19h34min

Anúncio de fechamento de escola rural provoca reação da comunidade, que propõe parceria

Eldorado FM
Os pais dos alunos da Escola de Ensino Fundamental Bom Jesus, no Projeto de Assentamento Bom Jesus, zona rural de Vila Rica, estão inconformados com a decisão da administração do município de fechar a unidade escolar da comunidade.

Uma reunião realizada na segunda-feira, 29 de janeiro, no Projeto Bom Jesus, com a presença dos pais de alunos, do Secretário de Educação Ademar Schmitt, do Coordenador das Escolas do Campo Valcir Trevisan, vereadores Jair Zorzi (PMDB) e Lindomar Botelho “Parafuso” (PTB), Presidente da Associação do Parceleiros da Comunidade Bom Jesus (APCBJ) Valderi Schuman, representante das Comunidades Cristo Libertador Irene Rocha, Coração de Maria Marcelino Gallo, Conselho Escolar Mirian Frison e Comissão de negociação José Veloso, discutiu a situação. A reportagem da Rádio Eldorado FM e site www.eldorado.fm esteve acompanhando a reunião a pedido dos representantes da comunidade.

Durante o encontro os moradores da comunidade defenderam a tese de que a unidade escolar não deve ser fechada. A preocupação das lideranças é porque com o fechamento, cerca de 40 alunos serão remanejados para as escolas de outras comunidades da região, que segundo os pais aumentará o percurso a ser percorrido diariamente pelos alunos até a nova escola. Os moradores ainda alegam que com a desativação da escola a comunidade ficará enfraquecida, e aumenta a possibilidade do êxodo rural.

Vários moradores falaram sobre as dificuldades enfrentadas para a construção da escola e o valor histórico da mesma. Em alguns relatos, os trabalhadores que estão na região a mais de 20 anos, se emocionaram ao falarem sobre a história da comunidade e da importância da escola para as crianças e jovens da região.

A unidade escolar já foi reconhecida com o “Selo Escola Solidária” por estar comprometia com uma educação fundamentada nos ideais de solidariedade, participação e cidadania. O certificado foi concedido pelo Ministério da Educação (MEC), a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), entre outras instituições, no ano de 2003.

“Avalio positivamente a reunião, a comunidade participou e colocou os seus anseios, todos favoráveis a permanência da escola. Infelizmente no final da reunião nós não tivemos resposta do Secretário de Educação em relação ao fechamento da escola, mas nossa comissão irá documentar todas as propostas de parceria da comunidade para a permanência da escola e iremos apresentar ao prefeito e se for preciso iremos recorrer à justiça”, disse a Professora aposentada Ezemar de Fátima Cuntz, que lecionou na Escola Bom Jesus durante 21 anos.

Para o Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS) Ivanir Gallo, a decisão de fechar a escola vai na contramão do dever do município de investir e incentivar os produtores rurais de permanecerem em suas terras e produzirem. “O Governo Municipal ao invés de incentivar os produtores a produzir e comercializar sua produção, está fazendo justamente o contrário, provocando o êxodo rural, uma visão muito pobre infelizmente do Prefeito e do Secretário de Educação”, destacou.

“O problema não é questão financeira, a comunidade se propôs a fazer parceria como sempre fez, o núcleo escolar foi construído pela comunidade, agora mais uma vez a comunidade está se propondo a fazer parceria para manutenção da escola e diminuir os custos para a administração. Nós ficamos sabendo que o Núcleo Escolar São José só tem 52 alunos em uma estrutura bem maior que a do Bom Jesus, será que amanhã o próximo núcleo escolar a ser fechado será o da São José?”, questionou Gallo.

Os dois vereadores presentes na reunião também se posicionaram sobre a situação e ambos disseram serem contrários ao fechamento da unidade escolar.

ESTRUTURA

As comunidades Cristo Libertador e Imaculado Coração de Maria contam hoje com uma boa estrutura. O Núcleo Escolar, construído através da parceria dos moradores e a prefeitura municipal no ano de 2.000, conta com 8 salas de aula, 2 banheiros, secretaria, cozinha e sala de vídeo. Até o final de 2017 eram dois professores lecionando para turmas do 1º período ao 9º ano do ensino fundamental. A comunidade ainda conta com um barracão coberto para a realização de eventos, cancha de bocha, campo de futebol society e uma igreja.

PARCERIA

Para reduzir os gastos que a Prefeitura de Vila Rica tem com a manutenção da escola, foi proposto pela comunidade, que os pais dos alunos e os moradores da região fornecerão uma ajuda mensal de material de limpeza, carne e hortifrúti para alimentação dos alunos e até ajuda financeira para o pagamento da energia consumida pela escola.

Os pais ainda destacaram que se houver uma readequação do trajeto do transporte escolar na região, o número que hoje é de 40 alunos, segundo levantamento feito pela comissão dos pais, aumenta ainda mais.

OUTRO LADO

Para o fechamento da escola, a administração do Prefeito Abmael Borges (PR) alega o baixo número de alunos e os gastos para manter o funcionamento da estrutura da escola. Outro fator apontado pela Secretaria de Educação é o número de classes multisseriadas, onde o professor trabalha na mesma sala de aula com várias séries do Ensino Fundamental simultaneamente, tendo de atender a alunos com idades e níveis de conhecimento diferentes, o que segundo a avaliação da secretaria, compromete a qualidade do ensino.

Mesmo após a reunião que durou mais de duas horas, o Secretário de Educação Ademar Schmitt se mostrou irredutível e permaneceu com o posicionamento de fechar a escola. “O número de alunos nas escolas do campo vem reduzindo muito, infelizmente a gente vem discutindo há algum tempo o fechamento da escola do Bom Jesus, pelo gasto e por ter outra escola próxima, inclusive com ensino médio, que atenderá o aluno do campo sem que seja levado para a cidade, nós não vamos levar os alunos do campo para a cidade, nós vamos atender em um trajeto muito curto e com muita economia, essa é a proposta da Secretaria de Educação”, disse o secretário.

“Essa situação já aconteceu no Projeto Aracati e outras escolas do campo caminham para essa possibilidade se não tiver uma mudada na evasão do homem do campo para a cidade, isso é real em Vila Rica e faz com que diminua o número de alunos nas escolas da zona rural”, concluiu Ademar.

Apesar de não conseguirem reverterem à situação, os moradores da comunidade afirmaram que irão continuar dialogando com a administração e não descartaram acionarem a justiça para que a escola continue funcionando. A previsão é de que as aulas nas escolas municipais da zona rural comecem no dia 12 de fevereiro.

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