O único médico intensivista da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Barra do Garças, Oswaldo Ramos Júnior, confirmou nesta segunda-feira (13) que foi demitido do hospital municipal porque teria falado a verdade ao Ministério Público Estadual (MPE).
Ele explica que o prefeito Wanderlei Farias (PR) não gostou do que ele falou em resposta ao ofício do promotor Marcos Brant sobre as dietas aplicadas aos pacientes com sonda na UTI. “Minha resposta foi técnica de que havia um problema, eu não tinha como mentir. Estava em jogo o meu CRM”, pondera.
Oswaldo foi comunicado da demissão pelo diretor-técnico do hospital, médico José Maria e pela diretora Raquel que disseram a ele na sexta-feira que o prefeito não gostou da resposta ao promotor e decidiu demiti-lo. Segundo Oswaldo, ele simplesmente mencionou que havia irregularidade na dieta industrial dos pacientes com sonda por causa de dificuldade na cozinha e lactéreo do hospital.
A declaração do médico não agradou ao prefeito e pelo jeito nem a secretária de Saúde, Daniela Salum, que em resposta ao mesmo promotor, disse que não sabia desse fato e atribuiu a culpa ao mesmo médico.
Segundo Salum, o médico nunca havia lhe alertado sobre essa irregularidade. Oswaldo se defende dizendo que não é responsabilidade do médico avisar o não cumprimento da dieta e sim do responsável pela nutrição do hospital. “Ao médico compete prescrever uma dieta. A execução é do nutricionista”, acrescentou.
Além da experiência, a saída de Oswaldo causa um desfalque no hospital que fica sem intensivista e responsável pela UTI. Devido aos altos salários, em torno de R$ 40 mil, não será fácil para Secretaria de Saúde achar um substituto para o cargo. Pelo fato de morar há oito anos na cidade, o intensivista tinha salários mais modesto de R$ 24 mil para o município.
A direção do hospital não quis falar sobre o episódio. A secretária Daniela, em ofício ao promotor Brant, se revelou surpresa com dificuldade das dietas dos pacientes da UTI e prometeu regularizar problema em breve.