Um aluno do 5º semestre do curso de engenharia de alimentos do campus da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), de Barra do Garças, a 500 km de Cuiabá, criou um dispositivo para injetar dióxido de carbono (C02) em garrafas pet para preservar a qualidade das sementes. O equipamento, que ainda é um protótipo, deve servir aos produtores da agricultura familiar. O jovem tem buscado recursos para levar o projeto adiante.
A pesquisa, enquadrada no ramo de tecnologia social, surgiu após o estudante Gustavo Siqueira Duarte, de 19 anos, verificar como as comunidades que trabalham com agricultura familiar armazenam diversas sementes – de feijão, milho e arroz – em garrafas pet. Ele afirma que, sem o dióxido de carbono na garrafa, o ambiente fica propício à propagação de microrganismos que podem contaminar os alimentos e diminuir a validade.
“Elas [pessoas que trabalham com agricultura familiar] colocam as sementes nessas garrafas pet, geralment, e vendem porque a garrafa é um negócio barato. A ideia combina a simplicidade da comercialização da produção desses trabalhadores com um mecanismo simples”, explica.
O dispositivo, apelidado de 'Garrafa Duarte', está sendo trabalhado há cerca de cinco meses. O equipamento é composto por uma haste de inox que é conjugada com um cilindro de CO2. Gustavo afirma, ainda, que a ideia pretende promover a reutilização da garrafa pet e que a inserção desse gás pode acelerar, inclusive, a maturação dos grãos.
Ele diz que deve seguir com o projeto durante a carreira e que pretende seguir uma vida acadêmica. Além disso, confessa que pensa em um possível retorno financeiro que a ideia poderia lhe dar, mas que, acima de tudo, tenta mentalizar o benefício social coletivo do projeto.
“É claro que sempre pensamos em ver nossas ideias comercializadas para várias pessoas e ganharmos dinheiro com isso, mas eu penso bastante também no quanto essas novidades podem ajudar outras pessoas e facilitar a vida da comunidade”, argumenta.
Orientação
O trabalho tem sido orientado pelo professor de engenharia da UFMT de Barra do Garças Márcio de Andrade Batista, que chegou a ser nomeado, no fim do ano passado, ao prêmio internacional Global Teacher Prize.
O professor comentou que já circula no mercado internacional um dispositivo parecido, mas que ele é pouco acessível aos brasileiros.
“Esse equipamento, que existe nos Estados Unidos, tem um princípio bem semelhante ao nosso, a diferença é que ele é usado em garrafas de vinho. Nesse dispositivo eles inserem uma agulha bem fina e inserem CO2 no recipiente. Por causa da maior disponibilidade de recursos, eles têm mais acesso ao equipamento, voltado para o grande mercado, diferentemente do nosso”, comenta.
O professor afirma que, apesar da falta de recursos financeiros para pesquisa no país, a dica dele para jovens cientistas é não desistir das ideias.
“Como todo o início de trabalho acadêmico, enfrentamos várias dificuldades. Mas é preciso ser persistente, batalhar e continuar acreditando e fazendo perguntas para melhorar cada vez mais seu projeto”, defende.