Agência da Notícia Ao final da missa que encerrou a Romaria dos Mártires da Caminhada, em Ribeirão Cascalheira, indígenas das etnias Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul e da etnia Xavante, da aldeia Marãivatsédé em MT, subiram ao altar montado do lado de fora do Santuário do Mártires para falar aos presentes um pouco dos problemas que os afligem.
Após o líder Kaiowá foi a vez de Damião Paridzané falar: “nós pode não falar a mesma língua, mas o sangue é igual”, afirmou o líder Xavante ao iniciar seu apelo. “Não queremos que o asfalto passe dentro da terra Xavante porque senão muito mais gente [seu povo] vai morrer; dentro da aldeia não tem cidade, mas do outro lado tem Bom Jesus, Serra Nova e Alto Boa Vista que precisam do asfalto”, disse Damião ao pedir apoio das autoridades eclesiásticas e demais autoridades presentes para que seja feito um desvio no trecho da BR 158 que passa dentro da aldeia.
A BR-158 tem um trecho de cerca de 140 km entre o Alô Brasil e o município de Porto Alegre do Norte que nunca foram pavimentados. Esse trecho passa dentro da terra Xavante. Recente, o ministro dos transportes, Maurício Quintella, esteve na região inaugurando um trecho de 69 quilômetros da BR na cidade de Vila Rica-MT, divisa com o estado do Pará, entretanto, nenhuma declaração foi dada a respeito do trecho não asfaltado.
O Agente Educacional na CPT Cuiabá, Paulo César Santos, leu, ao final dos discursos dos indígenas, uma carta de repúdio às mazelas com o povo Guarani Kaiowá de Mato Grosso do Sul que foi legitimada pelos presentes com o gesto de levantar a mão como assinatura da carta coletiva.
Damião disse ainda que as políticas do novo governo interino de Michel Temer ameaça os povos indígenas e agradeceu aos presentes e aos organizadores da Romaria dizendo que são pessoas solidárias às causas de muitos povos. Ao falar do governo interino a multidão que o ouvia respondeu em coro: “fora Temer!”.
