A Polícia Civil abriu inquérito policial para apurar a responsabilidade da morte de duas crianças arrastadas por enxurrada no final da tarde de quinta-feira (22), em Barra do Garças.
Os irmãos Paulo Ricardo Ferreira de Souza, 12 anos, e Vanessa Ferreira de Souza, 8 anos, estavam saindo da escola para casa debaixo de forte chuva e os pais questionam que a escola não tinha que liberar os meninos no meio do temporal.
Para apurar essa situação, o delegado Heródoto Fontenelle informou que vai ouvir a direção da escola Helena Esteves, professores, pais e alunos para apurar se realmente a escola liberou os alunos durante a chuva.
A polícia vai apurar também a responsabilidade da prefeitura sobre a obra de canalização do bairro Nova Barra e a falta de sinalização das ruas por onde passa a enxurrada.
Fontenelle lembrou que outro garoto de 12 anos morreu na mesma circunstância em dezembro de 2012 arrastado pela enxurrada quando saída escola Delice Farias e seguia para casa no bairro São José.
Paulo Ricardo e Vanessa estavam de bicicleta e tentaram passar por uma rua onde passava a enxurrada. Inicialmente a menina caiu e o irmão tentou socorrê-la e acabou arrastado na rua Delvita Galvão. Os corpos foram encontrados quatro quilômetros abaixo já no Córrego Fundo.
A escola não se manifestou sobre o assunto. Alguns funcionários disseram que tentaram manter os alunos na escola, mas muitos não respeitaram e saíram durante a chuva.
Um morador que pediu para não ser identificado informou que na administração passada, a ex-secretária de Educação Fátima Resende autorizava a direção da escola a liberar os alunos antes mesmo de começar a chuva temendo justamente as enxurradas.
A prefeitura deu início neste ano à construção de uma canalização no bairro que ainda não é suficiente para sanar o problema. O bairro enfrenta problema de desnível nas ruas e a falta de galeria pluvial. Em 2006, a prefeitura protocolou um pedido no Ministério das Cidades pedindo R$ 3 milhões para essa obra cujo recurso foi liberado agora.
Os irmãos Paulo Ricardo e Vanessa foram sepultados na tarde desta sexta-feira (23) debaixo de protestos de familiares e moradores do Nova Barra sobre a falta de estrutura no bairro.