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22/10/2017 às 17h51min - Atualizada em 22/10/2017 às 17h51min

Cuiabano abandona a carreira para conhecer o mundo de carona

Gabriel Dias, de 24 anos afirma que a “loucura capitalista da sociedade” não traz felicidade

Midia News / Cuiabá-MT
Colocar uma mochila nas costas com apenas o básico que você precisar, sair para estrada e conhecer o mundo. Para muitos, loucura. Para outros, um sonho. Pois é isso que o cuiabano Gabriel Dias, de 24 anos, se propôs a fazer, há quase dois meses.
 
Ele largou a carreira de corretor de imóveis para encontrar aquilo que afirmou não ter na “loucura capitalista da sociedade”: a felicidade.
 
Gabriel saiu de Cuiabá no dia 24 de agosto. De carona e se hospedando em casa de desconhecidos, ele já passou por Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Uruguai.
 
Na última semana, ele havia chegado em Ushuaia, na Argentina, conhecida como "a cidade do fim do mundo". Em entrevista ao MidiaNews, o cuiabano relatou que, durante todo esse período gastou apenas R$ 500.
 
“Sempre gostei de viajar e, em março, comecei a planejar uma viagem de carro até o Alasca. Tinha um bom dinheiro guardado e, em meados de julho, comprei uma caminhonete para fazer a viagem que havia planejado. Quatro dias depois, porém, sofri um acidente com a caminhonete. Eu, felizmente, saí ileso. O carro, no entanto, ficou destruído.  Esse foi o começo da minha ruína financeira. Começaram acontecer várias coisas que, em pouco tempo, já não tinha quase nenhum dinheiro”, disse.
 
“Mas coloquei na minha cabeça que iria viajar sim e tinha que ser em agosto, mesmo que tudo desse errado, com dinheiro ou sem dinheiro, de camionete ou de carona (risos). Foi só um pensamento, não imaginava que ia dar tudo tão errado. Mas, apesar de tudo, acredito que minha viagem não estaria sendo tão boa, se eu estivesse com um monte de dinheiro e com um carrão”, completou.  
 
De Ushuaia, Gabriel seguirá para o Alasca, nos Estados Unidos, passando por Chile, Peru, Colômbia, Panamá, Guatemala e México.         
                              
“A parte mais difícil desse trajeto é da Colômbia para o Panamá, onde não existe estrada. É uma zona perigosa, famosa por ter guerrilheiros e rebeldes.  Em linha reta, são 130 km pelo meio da selva, que pretendo fazer a pé”, disse.
 
“Quando chegar no Alasca, pretendo atravessar o Estreito de Bering, entrar na Rússia e, quem sabe, ver um jogo do Brasil na Copa do Mundo do ano que vem. Ainda estou planejando o roteiro, mas a ideia é ir até Portugal, descer até a África do Sul e voltar pela China e Rússia de novo e até Cuiabá”, completou.
 
As viagens
 
Com uma placa com os dizeres “Volta ao Mundo de Carona, Faça Parte Disso”, Gabriel contou que, até hoje, não teve dificuldade em pegar carona. Ele compartilha parte dessa experiência nas suas redes sociais. 
 
“O dia em que mais demorei para pegar carona foi em São Paulo, mas, depois de 4 horas, consegui uma carona até Curitiba. Nas viagens, sempre converso muito com as pessoas que estão me levando. Elas sempre se mostram interessadas em saber minha história ou contar algo da sua”, disse.
 
Segundo o cuiabano, das mais de 100 caronas que já pegou, apenas uma foi inconveniente.
 
"As pessoas são cegas. Não percebem que dinheiro e só dinheiro. Aquela conversa me fez perceber que precisamos deixar para o mundo algo bom. Algo além de sucesso financeiro"
 
“Foi um velho tarado, que me propôs coisas [risos]. Ele me levou de Joinville até Bombinhas [ambas em Santa Catarina]”, disse.
 
Mas, teve uma em especial que ele aprendeu uma lição.
 
“A coisa que mais mexeu comigo foi uma conversa que tive com um italiano, que me deu carona em Punta Del Este até Montevideu, no Uruguai. Era um senhor de 72 anos, muito rico, que morou no Brasil na sua juventude e, por isso, foi fácil conversar com ele. Ele me contou que era um homem de sucesso, tinha muito dinheiro, casas luxuosas, apartamentos fazendas e cabeças de gado. Depois que ele parou de falar, eu perguntei: E o senhor é feliz? Ele me respondeu sem demora que não, que  a vida dele era uma merda", disse.
 
“Eu fiquei sem saber o que falar. Mas aquilo me fez refletir muito. Sobre como as pessoas são cegas. Não percebem que dinheiro é só dinheiro. Aquela conversa me fez perceber que precisamos deixar para o mundo algo bom. Algo além de sucesso financeiro”, afirmou.
 
De todos os lugares por onde já passou até agora, Gabriel mais gostou foi do próprio Mato Grosso, como os pontos turísticos de Nobres, Chapada dos Guimarães e Campo Novo do Parecis, e o Estado de Rio Grande do Sul, por conta da tradição gaúcha.
 
Na mochila, ele só leva roupas, celular, passaporte, cartão de débito e crédito e barraca e saco de dormir.
 
“Estou conhecendo o Mundo como ele realmente é. Conhecendo pessoas todos os dias, que me dão carona ou que me hospedam em suas casas sem me cobrar nada por isso. Tenho muita vontade de conhecer todos cantos do mundo. Se não tiver nenhum problema de saúde, pretendo realizar esse feito e tudo de carona”, disse.
 
Gabriel observou que seus pais não são muito a favor do seu sonho de mochileiro.
 
“Meus pais não gostam muito da ideia.  Minha mãe chorou no dia em que apareci com minhas coisas pra deixar na casa dela e saí com a mochila nas costas. Mas, agora, que viu que já fui tão longe sem morrer, está menos preocupada [risos]. E meu pai fica enchendo o saco, dizendo que eu tenho que trabalhar porque não vou ter nada quando ficar velho”, relatou.

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