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20/04/2017 às 13h11min - Atualizada em 20/04/2017 às 13h11min

Sobe para 11 o número de participantes do 'Jogo da Baleia Azul' em MT, diz PM

G1 MT
Subiu para 11 o número de participantes do ‘Jogo da Baleia Azul’ em Mato Grosso, segundo a Polícia Militar. Os novos jogadores foram identificados durante um trabalho de conscientização de pais e alunos em escolas de municípios vizinhos de Vila Rica, a 1.276 km de Cuiabá, onde uma adolescente de 16 anos teria morrido em um dos desafios do jogo.

Segundo o tenente-coronel Joel Outo, somente nesta quarta-feira (19) cinco novos casos foram relatados à PM. O ciclo de palestra nos municípios se encerra na próxima quinta-feira (20). A suspeita é que o número de jogadores identificados aumente.

Os novos participantes têm entre 16 e 18 anos. De acordo com a polícia, eles procuraram ajuda após as palestras. O objetivo das palestras da polícia é conscientizar os adolescentes de que a prática é perigosa.

“Damos um tempo depois da explanação para que eles possam falar e nos procurar”, afirmou Rafael Braga, que é policial e um dos palestrantes.

Nos relatos, os adolescentes afirmaram que tiveram acesso ao jogo por curiosidade e pediram ajuda depois de avançar nos desafios. O game tem 50 etapas. A última seria o suicídio. Um adolescente relatou que participaria de um encontro durante a madrugada com outros participantes.

Os participantes do jogo identificados, segundo a PM, possuem cicatrizes profundas nos braços e nas pernas. Em um dos casos, uma mãe procurou os policiais dizendo que suspeitava que a filha estivesse cumprindo os desafios propostos pelo game. A adolescente está com uma cicatriz na perna em formato de estrela.

No celular da adolescente, a polícia encontrou uma mensagem sugerindo que ela fizesse a marca como um dos desafios do jogo. De acordo com a PM, vídeos de suicídios são compartilhados pelos membros no grupo.

Uma das sugestões da polícia é que os pais ou responsáveis controlem o acesso dos filhos à internet e monitorem as mensagens trocadas na rede.

Corpo foi encontrado em lagoa na região central de Vila Rica (Foto: Rafael Trindade/Arquivo Pessoal)

Corpo foi encontrado em lagoa na região central de Vila Rica (Foto: Rafael Trindade/Arquivo Pessoal)



Morte de adolescente
As palestras começaram a ser ministradas pelos policiais para alertar os pais sobre a gravidade do jogo que tem feito vítimas por todo o mundo depois que uma adolescente de 16 anos que foi encontrada morta em uma lagoa em Vila Rica. A suspeita é que ela tenha sido incentivada pelo game. O caso está sendo investigado, mas a principal hipótese levantada pela Polícia Civil é a de suicídio.

Ela havia desaparecido durante a madrugada de terça-feira (11) e a família denunciou o sumiço à polícia. O corpo foi encontrado na tarde do mesmo dia e resgatado por policiais. Alguns moradores cederam embarcações e também ajudaram nas buscas.

Ao G1, o delegado André Rigonato, que conduz as investigações, afirmou que a mãe da adolescente relatou informalmente à polícia que a filha teria apresentado cortes nos braços há cerca de dois meses. A ação, segundo o relato, teria sido uma das "tarefas" impostas aos membros do suposto jogo online do qual a jovem participava. "A família tomou conhecimento desses cortes, mas não sabia da gravidade da situação", disse.

O G1 ouviu especialistas que dão dicas de como lidar com o tema:

1. Fique atento à mudança de comportamento

Uma mudança brusca de comportamento pode ser sinal de que a criança ou o adolescente esteja sofrendo com algo que não saiba lidar, segundo Elizabeth dos Reis Sanada, doutora em psicologia escolar e docente no Instituto Singularidades.

“Isolamento, mudança no apetite, o fato de o adolescente passar muito tempo fechado no quarto ou usar roupas para se esquivar de mostrar o corpo são pistas de que sofre algo que não consegue falar”, diz.

2. Compartilhe projetos de vida

Para entender se a criança ou adolescente está com problemas é fundamental que os pais se interessem por sua rotina. Elizabeth reforça que este deve ser um desejo genuíno, e não momentâneo por conta da repercussão do “Jogo da Baleia”.

“Os pais devem conhecer a rotina dos filhos, entender o que fazem, conhecer os amigos”, afirma a Elizabeth. Ela lembra que muitos adolescentes “falam” abertamente sobre a falta de motivação de viver nas redes sociais. Aos pais cabe incentivar que os filhos tenham projetos para o futuro, tracem metas como uma viagem, por exemplo, e até algo mais simples, como definir a programação do fim de semana.

3. Abra espaço para diálogo

Filhos devem se sentir acolhidos no âmbito familiar, por isso, Elizabeth reforça que é necessário que os pais revertam suas expectativas em relação a eles. “É preciso que o adolescente se sinta à vontade para falar de suas frustações e se sinta apoiado. Se ele tiver um espaço para dividir suas angústias e for escutado, tem um fator de proteção”, afirma Elizabeth.

Angela Bley, psicóloga coordenadora do instituto de psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, diz que o adolescente com autoestima baixa, sem vínculo familiar fortalecido é mais vulnerável a cair neste tipo de armadilha. “O que tem diálogo em casa, não é criticado o tempo todo, tem autoestima melhor, tem risco menor. Deixe que ele fale sobre o jogo, o que sente, é um momento de diálogo entre a família.”

Angela reforça que muitas vezes o adolescente não tem capacidade de discernir sobre todo o conteúdo ao qual é exposto. “Por isso é importante o diálogo franco. Não pode fingir que esse tipo de coisa não existe porque ele sabe que existe.”

4. Adolescentes devem buscar aliados

O adolescente precisa buscar as pessoas em que confia para compartilhar seus anseios, seja no ambiente escolar ou familiar, segundo as especialistas. “Que ele não ceda às ameaças de quem já está em contato com o jogo e entenda que quem está à frente deles são manipuladores”, diz Elizabeth.

5. Escolas podem criar iniciativas pela vida

Assim como a família, as escolas podem ajudar a identificar situações de risco entre os alunos. “Não é qualquer criança que vai responder ao chamado de um jogo como esse, são os que têm situações de vulnerabilidade. A escola ajuda a construir laços e tem papel fundamental de perceber como os alunos se desenvolvem”, afirma Elizabeth.

Alguns colégios, já cientes da viralização do jogo, começaram a pensar em alternativas para aumentar a conscientização sobre a importância de cuidade da vida. No Colégio Fecap, que fica na Região Central de São Paulo, essa ideia virou projeto escolar: a turma de alunos do ensino médio técnico de programação de jogos digitais começou a criar uma espécie de “contra-jogo” da Baleia Azul. “O jogo ainda está sendo produzido pelos alunos. Eles estão se reunindo e debatendo a questão. Serão 15 desafios de como desfrutar melhor da vida e celebrá-la”, conta o professor Marcelo Krokoscz, diretor do colégio.

Durante o curso, os estudantes aprender a aplicar linguagens de programação para criar jogos para computadores, videogame, internet e celulares, trabalhando desde a formação de personagens, roteiros e cenários até a programação do jogo em si. Segundo Krokoscz, a ideia é que o jogo, ainda sem prazo de lançamento, esteja disponível on-line para o público em geral.

Ele afirma que o objetivo é a ajudar os jovens a verem o lado bom da vida. “Impacta mais fortemente nossos alunos a partir do momento que eles mesmos criam um jogo a favor da vida.”

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