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04/01/2017 às 21h38min - Atualizada em 04/01/2017 às 21h38min

Índios do Xingu serão homenageados no carnaval carioca

Repórter MT


A Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense vai homenagear os povos do Parque Indígena do Xingu, no extremo Norte de Mato Grosso, que será tema apresentado no Carnaval do Rio de Janeiro este ano.

Em entrevista ao Repórter MT, o carnavalesco Cahê Rodrigues, responsável pela concepção e execução da 'obra', disse que o enredo “Xingu, o clamor que vem da floresta” é a concretização de um sonho.

“Eu já tinha um desejo de muito tempo de poder, um dia, exaltar os povos indígenas e venho trabalhando em uma pesquisa já há algum tempo. Apresentei essa ideia de fazer uma homenagem aos povos do Xingu para o presidente da escola, ele também gostou do tema e a gente começou a trabalhar em cima disso”, diz.

O carnavalesco, que começou a carreira como assistente de Joãozinho Trinta, conta que a intenção da escola de samba é abordar a vida, a cultura e a luta dos índios na defesa da floresta. “O enredo é uma exaltação à cultura do índio brasileiro e nós pegamos a região do Parque Indígena do Xingu como grande exemplo de luta, de perseverança, de respeito dos povos indígenas pela sua floresta, pela luta dos povos do Xingu que ganhou uma repercussão mundial por conta de toda essa luta deles em proteção à floresta, pela sua vida, pelo seu alimento, pelo seu rio”, afirma.

Apesar de não entrar em assuntos específicos como a tensa relação entre os índios e fazendeiros, mineradores e empreiteiros, o enredo da escola de samba acabou sofrendo críticas por parte daqueles que defendem o agronegócio e a construção da usina de Belo Monte. Mas Cahê explica que isso não é o foco da agremiação.

“É claro que algumas pessoas acabam interpretando de uma forma errada, a gente tem que explicar, dizer que foi um mal entendido. (...) O enredo não tem nenhum tipo de agressão à construção de Belo Monte, aos agricultores. A intenção da escola não é agredir ninguém. O enredo deu voz aos índios, então, tudo aquilo que a gente está reproduzindo, em termos de história, foi consultado por historiadores, por antropólogos, por índios. A gente ouviu muitos indígenas, muitas lideranças e o enredo foi construído em cima disso, com muita pesquisa”, defende o especialista em Carnaval.

Índios na Sapucaí

Cahê confirma a participação de vários representantes de etnias que vivem no Xingu e aguarda a confirmação de Raoni Metuktire, liderança caiapó internacionalmente reconhecido por sua militância em favor da Amazônia e dos povos indígenas.

“Nós encaminhamos convite às principais lideranças do Xingu e já tivemos a confirmação da presença de alguns indígenas que vem para o desfile. Estou aguardando uma confirmação oficial do Raoni, que será um dos grandes homenageados”.

Visita a Reserva do Xingu

Para fundamentar sua pesquisa, Cahê Rodrigues veio a Mato Grosso no início de dezembro e passou um final de semana na Reserva Indígena do Xingu, no extremo Norte do estado. De Canarana (836Km de Cuiabá) até a aldeia, foram cinco horas de viagem.

Na comunidade, ele passou pela vivência de comer a comida típica, ouvir histórias, dormir em uma oca. Rodrigues conta que o que mais lhe chamou a atenção nessa experiência foi perceber a beleza e a força na relação entre índio e natureza, em seu cotidiano.  
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